Qual é seu estilo de retrô?

Bonneville e Thruxton da nova geração chegam mais sofisticadas e oferecem experiências de pilotagem completamente diferentes

29/11/2016 18:13

A inglesa Triumph pode ser considerada a marca que mais investe em modelos retrô. Sua tradicional Bonneville, lançada originalmente em 1959, agora na versão T120 se beneficia da eletrônica embarcada de modos de potência, controle de tração e ABS, quem diria! Isso sem abandonar as raízes que a tornam rapidamente identificável mesmo após meio século, apesar de ser uma nova moto desde o chassi. Nesta geração ela e a café racer Thruxton ganharam um motor de 1.200cc com refrigeração líquida mantendo as aletas nos cilindros, dois paralelos como manda a tradição inglesa. Não só a performance subiu de patamar, mas a qualidade de acabamento e a diferenciação da Thruxton também.

A Bonneville é mais pacata, posição de pilotagem ereta e confortável, banco macio, garupa espaçosa e até aquecedor de manoplas tornam o passeio agradável. Já a Thruxton R impõe uma postura mais inclinada sobre o tanque estreito e esculpido para encaixe das pernas, vem com um conjunto de suspensões regulável, pinças Brembo e uma preparação de motor que torna as respostas imediatas e estimulantes, assim como é o ronco mais grave das ponteiras de escapamento. Na café racer, apesar da capa monoposto arredondada que caracteriza o estilo, há uma continuação do banco que torna possível levar passageiro, se for capaz de vencer a curvatura para trás. Não há pedaleiras traseiras para preservar o estilo limpo e esportivo, mas podem ser compradas e instaladas como acessório.

Apesar de partirem da mesma base mecânica, a diferença é grande na pilotagem. A Bonneville prioriza a entrega de torque com menos rotações, os 10,7 kgf.m estão disponíveis a 3.100 rpm e a potência vai a 80 cv a 6.550 rpm. A resposta ao curso inicial do acelerador não é imediata como na Thruxton, é mais suave, porém as rotações sobem sem titubear se a manopla for “torcida”. O propulsor da versão esportiva é mais taxado (11:1 contra 10:1) e nervosinho, componentes internos como o virabrequim foram aliviados para ganhar rotações mais rápido, mudanças no comando de válvulas e ajustes eletrônicos produzem um novo temperamento e renderam potência máxima de 97 cv a 6.750 rpm, sacrificando o torque em baixos regimes, que atinge 11,4 kgf.m só a 4.950 rpm. Na prática a diferença é óbvia e instiga a acelerar, enquanto na Bonneville a tendência é manter a velocidade de cruzeiro e curtir o vento no rosto.

Prova das diferenças, no teste de aceleração até 100 km/h a Bonneville precisa de 4s76 e a Thruxton de 3s91. A oferta de assistência eletrônica das duas é quase a mesma, exceto que a T120 tem dois modos de entrega de potência (Rain e Road) e a R um terceiro, Sport, além de permitir que o ABS seja desligado.

Dois tipos de pilotagem

Basta montar nas duas e tentar virar o guidão para notar que é preciso fazer um pouco de esforço, mas à medida que se começa a rodar isso pouco atrapalha porque ambas inclinam com facilidade. A T120 é para você que quer sossego e andar de motocicleta sem pressa, com sobra sim para escapar da mesmice e ultrapassar com tranquilidade. A suspensão dianteira é KYB convencional, sem regulagem, e atrás os amortecedores da mesma marca só são ajustáveis na pré-carga da mola, uma proposta mais singela, nem por isso menos prazerosa. Os pneus Pirelli Phantom têm perfil mais alto, na frente a roda raiada é de 18 polegadas e combina com o asfalto irregular. Se por um lado não pode seguir a R em estradas cheias de curvas, por outro oferece uma boa dose de conforto, sem se esquecer da garupa.  

A geometria da Thruxton foi bem modificada, bengalas de 43 mm (41 mm na Bonneville), medidas de cáster e trail menores, aros de alumínio de 17” e pneus esportivos Diablo Rosso Corsa mais largos. As suspensões são totalmente reguláveis, tanto as bengalas invertidas da marca Showa, tipo BPF (Big Piston Fork), como os dois amortecedores Öhlins. Variadas possibilidades para refinar a tocada esportiva, ela vai pregada ao chão mesmo com os movimentos causados por pavimento ruim. Na cidade é mais durinha que a Bonneville, nada que comprometa o uso urbano.

Outro grande diferencial entre as duas está no sistema de freio dianteiro, ambas usam discos de 310 mm, na R com pinças Brembo radiais monobloco de quatro pistões (Nissin convencionais de dois pistões na T120), igual à das motos superesportivas. Não é preciso ser um expert para comprovar os comportamentos distintos, mais agressivo e imediato ao acionamento da alavanca na Thruxton, embora o da Bonneville seja coerente com a proposta. Em números, freando a 100 km/h a esportiva para 5 metros antes.

Ao contrário da geração anterior, agora Bonneville e Thruxton se dirigem a públicos claramente definidos, com diferenças que extrapolam a estética, entregando experiências de pilotagem bem variadas. O preço de R$ 42.500 da T120 é extremamente competitivo para uma 1.200cc com sua qualidade de acabamento, enquanto os R$ 55.500 da café racer são justificados pelos componentes esportivos de primeira linha incorporados ao pacote. 

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