AVENTURA: Sozinho pelas trilhas da Argentina

Aventureiro viaja de Honda XRE pelos lugares mais isolados do país vizinho. Confira a preparação na suspensão da moto e os acessórios para transporte de bagagem

11/08/2022 03:08

Para o empresário João Batista de Lima, 58 anos, de Matelândia (PR), viajar de moto é quase uma necessidade e o destino escolhido foi a região mais elevada de Puna, Argentina. Em um roteiro de 5.000 km realizado em doze dias. Seu roteiro começou por Foz do Iguaçu (PR) na fronteira em Puerto Iguazú (Argentina). No posto da fronteira, não houve problemas com a documentação. “Uma coisa que eu aprendi é sair com a documentação em dia, principalmente nessa época de pandemia. Fiz o PCR (embora fosse exigido apenas o teste de antígeno); seguro saúde com Covid (não me pediram, mas se alguma barreira policial no interior da Argentina exigisse, eu estaria precavido); Carteira de vacinação (foi exigido na entrada do país); Carta Verde (tem que ter sempre, mesmo antes da pandemia); portanto não tive o menor problema com documentação”. 

Foram dois dias para cruzar a região do Chaco e percorrer os 1.600 km até Salta. Por conta da temperatura elevada, ele chegou a pegar 45 graus centígrados, e as longas retas – típicas da região – o Pampa del Infierno é conhecido por exigir muitos dos viajantes. Mas João tem uma receita infalível para evitar o desgaste e as dores no corpo: “Uma boa preparação antes da viagem e uma alimentação equilibrada neutralizam problemas dessa natureza. Fui e voltei zerado”.


Deixei a BMW em casa...

Apesar de ter uma BMW R 1150 GS Adventure, com a qual deu a volta ao mundo, João preferiu deixa-la em casa “minha GS está aposentada em um lugar privilegiado no meio da sala”. Ele optou por uma Honda XRE 300, “Zero KM” que recebeu diversas melhorias para o roteiro, principalmente a parte off-road do trajeto, “fiz questão de preparar a suspensão e deixar a moto pronta para acelerar nas costelas de vaca e o areião que teria pela frente”.

Para chegar a atrações como Campo de Pedra Pomez e o Cono de Arita os trechos exigem bastante da suspensão da moto.  Aqui eu gostaria de dividir com os leitores um pouco da sabedoria desse experiente motociclista, veja sua receita sobre segurança numa viagem solitária. 
“Nas estradas que misturam areia e pedra, se o motociclista quiser chegar ao destino com segurança e dores no corpo, ele vai a 30/40 km/h. Se quiser chegar sorrindo ele vai a 80/100 km/h, mas se cair pode acabar com a viagem”.  Experiente em longos trajetos solitários, ele afirma que esse destino exige cuidados. “Se for viajante iniciante é prudente ir acompanhado por um motociclista experiente. Se for um motociclista experiente, certamente irá saber as providências a tomar para fazer uma viagem segura”. 

 

No alto da montanha

Mesmo quem conhece bem a Cordilheira dos Andes, ficará surpreso com a beleza do noroeste da Argentina. O roteiro feito por João passou pelo Salar de Antofalla – um dos mais extensos do mundo, viu de perto as formações de Angastaco, contemplou o Cono de Arita e chegou ao Campo de Pedra Pomez. São lugares fantásticos que tocam o coração até do aventureiro mais experiente. “Chegando lá no alto, fiquei sozinho, ouvindo o som do silêncio. Eu agradeci a Deus pela oportunidade, acho que foi o melhor momento da viagem”.

Foram mais de 30 km de areião, exigindo bastante do motor da XRE teve que trabalhar bastante para manter o ritmo. “Esse tipo de terreno segura a moto”. Para ficar tranquilo em relação ao consumo e autonomia, levou um galão extra de 5 litros – mais a capacidade do tanque de 13,8 litros – veja box. 

 

Além da autonomia, outra preocupação de quem viaja pela região é a altitude. Em alguns locais se aproxima dos 5.000 metros acima do nível do mar e pode causar sérios problemas – como dores de cabeça, náuseas etc.. “Eu sempre procuro me aclimatar, subo até o lugar mais alto e procuro dormir em um lugarejo de menor altitude, isso e o fato de beber muita água, praticamente eliminam o Mal da Montanha”.  

Quando questionado se houve algum arrependimento ou situação que o desagradou durante a viagem, João foi enfático: “Sempre tem algo que se aproveita em qualquer lugar. Tenho a mente aberta e isso me ajuda muito a desfrutar até de lugares não muito convidativos”. 

Esse roteiro é indicado para quem tem pouco tempo e quer conhecer paisagens muito diferentes daquelas encontradas no Brasil. Em sua viagem, feita em dezembro de 2021, João gastou pouco “Argentina está barata, gasolina custa 95 pesos: cerca de R$ 2,90 reais. Os restaurantes estão baratos também, hoje gasta-se pouco mais da metade do que se gasta no Brasil pra viajar.

Obs: aventura publicada na edição impressa de Duas Rodas

Livros publicados
João já publicou três livros com relato de suas grandes aventuras. Confira: 
Nas Trilhas da América do Sul – Publicado em 2002
Caminhos de Um Motociclista (sobre a viagem ao Alasca) – Publicado em 2007
Volta Completa de Moto (Ao Mundo) – Publicado em 2013

XRE 300 preparada 
Eu já havia feito, em uma única etapa a BR-319, Transamazônica e Jalapão com a Yamaha Ténére´250. É uma excelente moto, mas para essa viagem pela Cordilheira eu precisava um pouco mais de motor, então optei pela XRE 300. Comprei nova e a preparei para essa viagem:
- Câmaras reforçadas
- Preparei a suspenção com válvulas e óleo especial.
- Protetor de cárter.
- Protetor de mãos
- Montei uma carenagem com uma bolha e suporte para o GPS
- Além de pedaleiras mais largas, suporte para óleo de corrente, etc..
Ficou quase uma moto de rally...

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