06/07/2015 18:08
Texto: Marcelo Assumpção
A semana passada foi dominada pelo tom otimista em conversas com representantes de marcas que iniciam uma nova fase no Brasil. As tradicionais off-road de origem sueca Husqvarna, hoje marca de propriedade do mesmo grupo da KTM, voltaram a ser importadas pelas mãos dos persistentes irmãos Fernandes. Maurício e Raul são profundos conhecedores do setor, começaram jovens no esporte, atuaram como jornalistas especializados e nos últimos anos enveredaram pelo varejo com bem-sucedidas concessionárias de BMW e Triumph. Dois anos atrás a Husqvarna era uma marca do portfólio BMW e estava fora do país desde o encerramento das atividades com o antigo importador Izzo. Após os alemães reconquistarem o direito de representar a marca no Brasil os irmãos Fernandes foram anunciados como primeiros concessionários do retorno da Husqvarna, o que não se concretizou porque todos foram surpreendidos com o anúncio da matriz de que havia vendido a marca para Stefan Pierer, sócio majoritário da austríaca KTM.
Natural que as operações da Husqvarna fossem suspensas para a reestruturação e, especificamente no caso do Brasil, a prioridade de Pierer fosse relançar a marca-mãe KTM – também inoperante desde o fechamento do Grupo Izzo. Os irmãos Fernandes voltaram à carga no ano passado se candidatando ao posto de concessionários KTM em São Paulo (SP), processo vencido pela rede Autostar, mas não desanimaram. Neste último sábado (4) finalmente confirmaram um novo acerto com a Husqvarna: são os novos representantes no Brasil, em uma operação de importação completamente separada da já realizada pela KTM com a Dafra. “As motos não serão montadas em Manaus (AM), só terão componentes importados e por isso os preços serão em média 15% superiores aos da KTM”, conta Maurício. Se o saldo dessa estratégia de concorrência interna será positivo para o grupo de Pierer, veremos.
Já a americana Indian, concorrente direta da Harley-Davidson, só deve ganhar nossas ruas no fim do ano, mas na semana passada os diretores tinham muito a contar. No Salão Duas Rodas (outubro) apresentarão toda a linha de produtos montada em Manaus: “Também temos uma marca com história e tradição, e temos ótimos produtos”, argumenta Rodrigo Lourenço, diretor executivo para a América do Sul. “Não há dúvida que a família Chief – cinco modelos clássicos com chassi de alumínio e motor V2 de 1.811cc – buscará uma fatia dos atuais consumidores de Harley-Davidson, mas esperamos que a Scout traga um novo público de outras marcas e até estilos de moto”, completa. A Scout será o modelo de entrada com design mais contemporâneo e comportamento apimentado pelo V2 de 1.130cc que alcança 100 cv (sim, eles declaram a potência). O diretor antecipa que nos próximos três anos a linha Indian crescerá nos Estados Unidos e incluirá modelos de menor cilindrada que a Scout, para serem vendidos também no Brasil.
A terceira novidade da semana veio de uma Ducati animada pela chegada do novo CEO local, o italiano Antonino Labate, recrutado do comando da divisão esportiva da Fiat Abarth. O lançamento da Ducati Monster 821 foi seu primeiro evento público, quando compartilhou a opinião de que a Monster modernizada e a Scrambler disponível a partir de novembro serão as novas líderes de vendas da marca no país (hoje é a Multistrada, que custa seletivos R$ 62.900). Assumirão as posições de mais baratas na tabela de preços da marca, substituindo com louvor a Monster 796: R$ 42.400 pela 821 (mais eletrônica embarcada e performance que a antecessora) e cerca de R$ 36 mil pela amigável Scrambler. A primeira trará o apelo que a 796 já não tinha diante de uma concorrência cada vez mais feroz no segmento das nakeds de 800cc; a Scrambler atrairá um público jovem urbano menos ligado a desempenho, "hipster" como dizem alguns, e até mais mulheres.
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