Por que a MotoGP precisa de motos elétricas?

07/02/2018 10:02

Após confirmar em dezembro a criação de uma categoria para motos elétricas no Mundial a partir de 2019, nesta terça-feira (6) Dorna e a fornecedora Energica detalharam o plano. A nova categoria MotoE começará participando de cinco etapas do calendário europeu da MotoGP, com grid de 18 motos de equipes já presentes no Mundial correndo por dez voltas. 

A Michelin será a fornecedora única de pneus para as motos da italiana Energica, baseadas no modelo esportivo Ego – 20,4 kgf.m de torque desde o início da aceleração e 145 cv a 4.900 rpm, capaz de atingir 100 km/h em 3 segundos e alcançar 240 km/h. A patrocinadora principal da categoria será a também italiana Enel, geradora e distribuidora de energia que ficará responsável pelas estações de recarga rápida para os times participantes (operação semelhante à que já possui na Formula E). A empresa prometeu reduzir o tempo de recarga completa a menos de 30 minutos (hoje a recarga rápida da Energica atinge 85% da capacidade das baterias em 30 minutos).

Mas, afinal, por que a bem-sucedida Dorna, organizadora da MotoGP, está preocupada em ter uma categoria de motos elétricas quando a tecnologia ainda está mais associada a scooters? Deixando de lado o discurso de sustentabilidade, ao longo do evento ficou evidente que Carmelo Ezpeleta (CEO da Dorna), ao depender da indústria de motocicletas para manter o campeonato mundial vivo, está preocupado em assegurar alternativas para o esporte num futuro cada vez mais próximo de emissões zero.

Já a Energica, empresa de motos de rua de alta performance do grupo CRP, fornecedor de componentes da F1 e da indústria aeronáutica, quer reforçar seu posicionamento com uma estratégia que os executivos comparam à da Tesla: associando o produto elétrico a status e performance para tornar o produto desejável, superar preconceitos e gradualmente ganhar terreno na mudança de matriz enérgica que ocorrerá na indústria. Associando-se ao esporte mostra que a moto elétrica não precisa ser só um meio de transporte, pode causar emoção e manter vivo o espírito do motociclismo. Tanto para Energica quanto Enel o foco em etapas europeias corresponde ao mercado onde estão concentradas e pretendem expandir as operações rapidamente nos próximos anos. 

O final do evento exibiu um vídeo produzido com Loris Capirossi, italiano ex-piloto da MotoGP, conduzindo o protótipo da Ego e a classificando como “brutal”. No momento a meta da organização é aproximá-la o máximo possível da performance da Moto2, ainda que no início um dos principais desafios a superar seja a autonomia, motivo para as dez voltas por corrida previstas por enquanto.  

 

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