Mineiro enfrenta o Rally dos Sertões com limitação física e sorriso no rosto

Prótese não o impede de andar de moto e participar de um dos ralis mais difíceis do mundo

06/09/2016 17:31

Na largada do Rally dos Sertões, que partiu de Goiânia (GO) no último fim de semana e terminará em Palmas (TO) no próximo sábado, o mineiro Cristiano Teixeira passaria facilmente por mais um piloto amador inscrito na categoria Honda CRF 230. Mesmo sendo “treieiro” de semana ele não escapou à atração que o maior rali cross country do país – segundo no mundo atrás somente do Dakar – exerce sobre praticantes de modalidades off-road, com seu roteiro de quase 3.200 km atravessando Goiás, parte da Bahia e Tocantins. A diferença é que Teixeira enfrenta uma dificuldade a mais para estar ali, que só se revela fora das etapas quando está sem os equipamentos de proteção e é possível ver a prótese no lugar da perna esquerda.      

“Três meses depois do acidente que sofri com um equipamento agrícola já estava em cima da moto de novo”, conta. Isso foi há dez anos, mas não evitou que ele mantivesse o prazer de andar de moto e praticar enduro como fez desde a adolescência. A parte mais difícil, diz, não foi lidar com a nova realidade, foi conseguir adaptar a moto para trocar as marchas: “tentei várias configurações, primeiro com o câmbio na mão e agora com o pedal do lado direito, acima do freio traseiro”. Para mudar de marcha ele levanta o pé da pedaleira, mantendo o acionamento do freio como antes.

As pernas têm papel fundamental na pilotagem off-road, afinal é preciso ficar de pé sobre as pedaleiras, absorver impactos e até evitar tombos nas curvas, quando a perna esticada permite que o pé toque rapidamente o chão para recolocar a moto na linha. Então, como este mineiro de 43 anos consegue participar de um rali? “Busco um posicionamento diferente que me permita pilotar sem a perna esquerda, mas em trilhas mais travadas é necessário usá-la e geralmente vai bem, às vezes me apoio sem notar”, explica.

O primeiro Sertões dele foi em 2012, e neste ano com a CRF 230 a meta é ficar entre os cinco primeiros. “Como piloto amador não tenho que apresentar resultado, é só para participar, mas quem não quer um bom resultado?” Para ele, além de poder competir com uma moto de manutenção acessível, outro atrativo da categoria é o regulamento que limita a preparação e aumenta a importância do "fator piloto".

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