12/11/2018 16:11
A principal plataforma mundial de lançamento de motocicletas, o EICMA, ocorreu na semana passada indicando os rumos de modelos vendidos também no Brasil para 2019. Duas Rodas revisou os lançamentos do evento de Milão (Itália) e as novidades que começaram a ser apresentadas já em outubro para antecipar o que também estará nas ruas brasileiras em 2019. A maior parte corresponderá a atualizações de modelos existentes, mas alguns lançamentos serão realmente estreias nas linhas brasileiras de algumas marcas.
BMW – da marca alemã a primeira da lista é a nova R 1250 GS, com o propulsor de 2 cilindros opostos passando de 1.170cc a 1.254cc com comando de válvulas variável. O sistema consiste em dois cames de perfis diferentes, para alterar tempo e abertura das válvulas de admissão otimizando assim a alimentação em regimes de aceleração parcial e total. De acordo com a BMW o resultado será mais potência em todos os regimes, elevando a potência máxima de 125 para 136 cv e o torque de 12,75 para 14,58 kgf.m. As versões Adventure da 1250 e da 850, com tanques maiores e acessórios para uso off-road (pedaleiras mais largas, protetores de motor) serão lançadas depois.
E a grande estrela da BMW no EICMA que foi a nova geração da superbike S1000RR, deve desembarcar no país como modelo 2020. Design, motor, chassi e suspensões são novos, com ganho de 8 cv (207 cv a 13.500 rpm) e redução de 11 kg (197 kg). O motor de 4 cilindros em linha ficou 4 kg mais leve com as mudanças na admissão e escapamento, além da adoção do comando de válvulas variável ter aumentado significativamente o torque em baixos e médios regimes. O torque máximo é de 11,5 kgf.m a 11.000 rpm, mas 10 kgf.m já estão disponíveis a 5.500 rpm. O chassi redesenhado atua com suspensões eletrônicas de geometria revista e atuação mais rápida, através de seis sensores monitorando diferentes eixos de movimento da moto para ajustar também outros recursos de assistência à pilotagem. Todos os dados e controles são exibidos em novo painel TFT de 6,5 polegadas. O novo design de chassi permitiu que tanque e parte frontal do assento se tornassem mais estreitos, facilitando o apoio dos joelhos. Toda a carenagem ficou mais compacta de forma geral, e agora simétrica com dois faróis afilados.
Ducati – a marca italiana talvez seja a maior incógnita, porque nos últimos anos reviu a linha ou removeu modelos vendidos no Brasil. O tempo até que os lançamentos ocorram localmente vem superando um ano, como é o caso da Panigale V4 ainda não disponível nas concessionárias por aqui. A renovação da família Scrambler é a novidade que pode ser dada como certa no país: itens de efeito estético como as tampas de alumínio nas laterais do tanque com ressalto aumentando a largura do conjunto, rodas e motor com novo acabamento preto e partes polidas, e protetores do escapamento redesenhados. Já do ponto de vista prático o motociclista notará o banco um pouco mais plano (com faixa cinza costurada e bordado da logomarca atrás), medidor de gasolina no painel (antes apenas luz alerta de reserva), manetes ajustáveis e acionamento hidráulico da embreagem. A iluminação melhora com DRL no farol e piscas de LED. E a mais importante, o ABS passará a ser cornering, adaptável à inclinação da moto em curva.
Entre os outros lançamentos, não se sabe se uma versão mais completa e cara da Multistrada 950, a nova S com ajuste eletrônico de suspensão, cornering ABS, quickshifter bidirecional, faróis de LED, painel TFT e cruise control teria espaço diante da Multistrada 1260 básica. Ou se a Ducati do Brasil voltará a investir na Diavel, já que por aqui se concentrou na variante XDiavel. A nova Diavel com motor 1260 atinge 159 cv a 9.500 rpm e 13,1 kgf.m a 7.500 rpm. Na versão mais esportiva S vem com suspensões multiajustáveis Öhlins, quickshifter bidirecional e componentes de freio superiores. A Hypermotard 950 não deve estar no cronograma, já que o modelo deixou de ser vendido no país na versão anterior.
Honda – a renovação da linha de média cilindrada com modificações nas famílias 500 e 650 sem dúvida também foca o Brasil, em princípio para a linha 2020, já que a marca normalmente precisa de um ano para replicar no país os lançamento do exterior. A nova CB 650R passa a integrar a mesma linha de design Neo Sports Café da CB 1000R, que terá lançamento local no início do ano. Por isso a café racer contemporânea da Honda, agora com 650cc, seria uma continuidade natural da estreia da 1000 no país. Ela vem com garfo de suspensão invertido de 41 mm, pinças de freio radiais de 4 pistões e embreagem deslizante. Outra novidade que impacta a linha nacional é a substituição da CBR 650F pela CBR 650R, mais compacta, 6 kg mais leve e com design derivado da geração atual da CBR 1000RR Fireblade. O farol é duplo de LED e o novo painel LCD de medidas maiores. A posição de pilotagem fica mais esportiva com os semi-guidões 30 mm à frente e pedaleiras mais recuadas e elevadas do que no modelo anterior. O motor passa a atingir 1.000 rpm adicionais e 5% mais potência, ou 95 cv.
As três variações da família 500 (CB 500F, CB 500X e CBR 500R) receberam um facelift mais discreto, embreagem deslizante para evitar travamento da roda traseira nas reduções de marcha, novo painel LCD maior com indicador de marcha e nova ponteira com saída dupla, para um ronco mais encorpado. O motor de 2 cilindros passa a entregar mais potência e torque entre 3.000 rpm e 7.000 rpm. A posição de pilotagem da CBR ficou mais esportiva, assim como na CBR 650R. E a CB 500X ganhou mais vocação off-road com aro dianteiro de 19 polegadas e cursos de suspensão elevados.
Kawasaki – a Z400, baseada na Ninja 400, certamente será o novo modelo de entrada da marca no país, substituindo a Z300. A naked mantém a base mecânica da Ninja inalterada com 2 cilindros de 399cc, que rendem 48 cv a 10.000 rpm e 3,9 kgf.m a 8.000 rpm. O câmbio de 6 marchas também continua com embreagem deslizante para evitar o travamento da roda traseira em reduções. Na nova dianteira o farol é de LED e o guidão inteiriço é mais alto que os semi-guidões da Ninja.
Antes dela foi apresentada no exterior a Ninja ZX-6R renovada, que também deve ser vendida no Brasil antes, ainda no primeiro semestre. O novo desenho segue as últimas atualizações na família Ninja, em especial a da 400, incluindo iluminação full LED. Apesar da extensa remodelação visual a ZX-6R 2019 usa o mesmo conjunto de chassi, motor 4 cilindros de 636cc e transmissão. A potência atinge 136 cv a 13.500 rpm com o sistema de indução de ar ativo em altas velocidades e o torque 7,2 kgf.m a 11.000 rpm. As novidades estão na adoção de uma relação de transmissão final encurtada para enfatizar a capacidade de aceleração em baixas rotações e no quickshifter para elevações de marcha. O conjunto segue utilizando suspensões multiajustáveis Showa, com garfo de pistão grande que separa as funções (SFF-BP), e pinças dianteiras Nissin de montagem radial em construção monobloco de quatro pistões. A assistência eletrônica conta com dois modos de entrega de potência, três níveis de controle de tração e ABS.
Por fim, a Versys 1000 foi redesenhada seguindo a nova identidade frontal das esportivas da marca. Também recebeu novos recursos como a central inercial (IMU) que monitora a movimentação da moto em seis eixos para ajustar os controles eletrônicos. Na versão topo de linha SE vem com quatro modos de pilotagem, suspensões eletrônicas, quickshifter bidirecional, painel TFT e faróis direcionais instalados na carenagem, como a Ninja H2 SX.
Triumph – a marca inglesa segue expandindo a linha retrô baseada na Bonneville, agora com uma variação scrambler da família 1.200cc que podemos esperar até o início do segundo semestre de 2019. Nesta versão o motor de 2 cilindros paralelos entrega até 90 cv a 7.400 rpm e 11,2 kgf.m a 3.950 rpm. Pelo painel TFT é possível selecionar entre cinco modos de pilotagem que atuam sobre a resposta ao acelerador, controle de tração e ABS. O pacote de série também inclui cruise control, entrada USB e partida sem chave. O chassi tubular de aço é diferente do usado pela Bonneville e inclui garfo de suspensão Showa e dois amortecedores Öhlins completamente ajustáveis. Na dianteira a roda é de 21 polegadas (pneus Pirelli Scorpion Rally sem câmara) com pinças de freio Brembo M50 de construção monobloco atuando sobre discos de 320 mm. Resta saber qual versão será vendida no país, se a XC ou a topo de linha XE que inclui o modo de pilotagem Off-Road Pro (desliga ABS e controle de tração), cornering ABS, aquecedor de manoplas, protetores de mãos com alma de alumínio, alavancas Brembo MCS e cursos de suspensão elevados de 200 mm para 250 mm (o diâmetro do garfo também passa de 45 mm para 47 mm). Ou ambas...
Yamaha – a reestilização da Yamaha R3 deve ser parte da linha 2020 no Brasil, com nova carenagem inspirada pela superbike R1 que reduz a resistência aerodinâmica e eleva a velocidade máxima em 8 km/h. Também incorpora faróis de LED e um novo painel LCD maior que remete ao painel TFT da esportiva de maior cilindrada. A posição de pilotagem muda com guidão 22 mm mais baixo e tanque redesenhado. O novo reservatório mantém a capacidade para 14 litros, mas está mais estreito no encaixe das pernas e mais largo na parte superior. Tecnicamente a única alteração é a troca do garfo de suspensão dianteiro de 37 mm por outro invertido de calibragem mais “firme”, para melhor cópia do piso.
E a Ténéré 700 foi apresentada no EIMA, mas será vendida no exterior apenas no segundo semestre de 2019. Portanto, provavelmente será um dos lançamentos que mais demorará a ser vendido no país. O modelo que sucede a Ténéré 660 já fora de linha usa o motor de 2 cilindros paralelos da MT-07 com ajustes na injeção eletrônica e relação de transmissão final. Um novo chassi tubular de aço em berço duplo foi desenvolvido para o novo modelo com maior resistência e menor largura. Com as suspensões de longo curso e rodas raiadas de 21 e 18 polegadas a distância do solo é de 240 mm.
Na dianteira o garfo é invertido ajustável de 43 mm com 210 mm de curso e na traseira o amortecedor com link e 200 m de curso pode ser ajustado na pré-carga remotamente. O assento plano a 880 mm de altura com tanque estreito para 16 litros facilitam a movimentação para frente e para trás e a pilotagem em pé. O design segue a linha atual das motos de rali, com carenagem fixa estreita, para-brisa compacto e painel digital de disposição vertical. Através dos comandos é possível desligar o ABS para pilotagem off-road. O farol é composto por quatro feixes de LEDs. Protetores de mãos e cárter são itens de série.
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