5 Erros comuns de motociclistas “das antigas”

Motociclistas experientes têm muitos conselhos para dar, mas nem sempre as dicas têm fundamento

19/02/2021 16:02

Nestes tempos de “fake news” reunimos cinco boatos que circulam há muitos anos nas rodas de motociclistas e checamos a informação correta para você. O primeiro é até engraçado, alguns dizem para não lavar a moto quente porque o motor poderia rachar!

Na nossa equipe, nunca foi visto um motor rachado por causa da lavagem , nem se soube de proprietário de moto que tenha passado por isso. Vamos aos fatos: um pouco de água não é suficiente para causar um choque térmico que parta um bloco de ferro, ou outro componente do motor. Se isso fosse verdade a moto não poderia pegar chuva, passar por poças d’água ou atravessar alagados na prática off-road. 

“Melhor começar com motos maiores”

Outro conselho que alguns mais experientes arriscam para os novatos é que comecem com uma moto maior porque seria melhor para o iniciante se acostumar logo, caso já pretenda ter um modelo de maior performance. Seria um grande risco para quem é inexperiente e ainda não tem experiência , nem habilidade para dominar uma moto, seja qual for. Um conselho como esse só ajuda na tentativa de justificar a ansiedade por comprar uma moto de alta cilindrada. 

A verdade é que não existe atalho para aprender a andar de moto, portanto é natural que quem está começando se confunda com os comandos, perca o equilíbrio em algumas situações, se assuste com fechadas de outros veículos e passe por alguns apertos e dificuldades no início. Errar numa moto mais leve, menor e fácil de corrigir é muito mais seguro. 

Por outro lado, o risco de ter excesso de potência no motor e até nos freios, sem a habilidade correspondente para controlar a moto em curvas e altas velocidades, é altíssimo. Andar de moto é um aprendizado constante e a progressão de cilindrada faz parte do processo. O motociclista vai evoluindo e a moto deve acompanhar.

“Jaqueta de couro é a melhor” 

Motociclistas das antigas adoram uma jaqueta de couro! E sempre dirão que é a melhor, a que mais protege... mesmo que a principal preocupação seja ficar com o estilo “bad boy”. 

O couro é sim o tecido mais resistente, mas não necessariamente o melhor. A jaqueta de couro barra a passagem de ar, é mais pesada, mais cara e precisa de mais cuidados, porque não pode ser lavada por imersão na água e o couro precisa ser hidratado para não rachar.

Então a jaqueta de couro não é prática para usar no dia a dia, em trechos urbanos, de baixa velocidade com várias paradas nos semáforos. Já a jaqueta de tecido sintético permite a passagem de ar e a transpiração para não reduzir o calor do motociclista, que continua protegido por um equipamento de segurança.  

“A moto me derrubou”   

Contam-se muitas lendas dos anos 1970, 1980 e até 1990 de que tal moto era “perigosa” e causou muitos acidentes. A verdade é que alguns motociclistas continuam colocando a culpa da queda na moto até hoje, mesmo que seja um objeto inanimado e que só responda aos comandos do motociclista. 

É preciso ter humildade e levantar do tombo com o orgulho ferido, admitir o erro e tentar entender como poderia ter evitado a queda para não repeti-la. Por isso não é correto voltar para casa culpando o veículo e dizendo que “a moto perdeu a frente”, “o freio travou porque é muito forte” ou “a moto é instável”.

Mais provável é que tenha aparecido um imprevisto na pista e o motociclista não soube reagir corretamente, tenha exercido excesso de pressão no freio ou acelerado demais na hora errada... a coitada da moto não tem culpa, , nem vontade própria. Imprevistos acontecem!

“Troque o óleo a cada 1.000 km”

Este último talvez seja o “pai” de todos os boatos, que insiste em circular por aí sem embasamento: o conselho de trocar o óleo do motor a cada 1.000 km. Um exagero de visitas à oficina e dinheiro gasto com troca precoce de lubrificante.

Não importa o que diga o manual do proprietário, o engenheiro da fabricante depois de milhões de quilômetros de testes ou o quanto o óleo tenha evoluído em durabilidade graças à base sintética. Sempre tem alguém para dizer que você deve comprar óleo com mais frequência. 

A provável origem desse boato é a recomendação da primeira troca ser antecipada, depois que a moto completa 1.000 km. Só a primeira substituição do lubrificante deve ocorrer mais cedo, porque as peças móveis do motor novo começam a funcionar juntas pela primeira vez e algumas rebarbas de metal e assentamentos fazem parte do processo de amaciamento. 

Então nesse primeiro óleo ficam depositadas partículas de metal em excesso, que devem ser removidas da circulação entre as peças com o descarte do lubrificante. Depois dessa primeira troca, as próximas ocorrem em intervalos maiores seguindo o recomendado pelo manual do proprietário, que varia em cada modelo, sempre de acordo com a especificação do lubrificante correta para a moto.

Os intervalos de troca podem ser reduzidos pela metade caso você faça uso severo da moto. E o manual indicará qual seria essa quilometragem menor, que nunca é de apenas 1.000 km. O uso severo, que diminui a durabilidade do óleo, é o funcionamento prolongado em altas temperaturas, com pouca refrigeração do motor; em regiões com estrada de chão e muita poeira, que pode contaminar o óleo; o uso mantendo o motor em altas rotações com frequência e por períodos longo, entre outros que podem comprometer a durabilidade do lubrificante.

Se tiver dúvidas sobre seu tipo de uso, procure no manual ou se informe na concessionária para cuidar bem da sua moto e do seu bolso!      

 

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