Aventura: dois amigos desbravam a Ásia Central

Os parceiros Gotardo Tieppo e Onofre Baldo fazem uma viagem incomum por alguns países muçulmanos da Ásia

26/11/2014 16:55

Texto e fotos: Gotardo Tieppo

“Nenhum caminho é difícil demais quando um amigo nos acompanha”. Se fosse resumir a viagem em uma frase, seria esta. A ideia foi percorrer com meu amigo Onofre Baldo uma parte da Ásia Central, inspirados pela Rota da Seda: Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Quirguistão e Afeganistão, se conseguíssemos os vistos de entrada. A Rota da Seda era um caminho em que as caravanas saíam da China em direção à Europa levando seda e especiarias nos séculos passados.

Nossa viagem começa por Almaty, Cazaquistão, onde alugamos as motos Suzuki DR 650. Uma das primeiras preocupações foram os vistos de entrada para estes países. A segunda era o que iríamos encontrar pela frente: como seriam as estradas, o povo, a segurança, enfim, como não conhecíamos nada da região, tudo seria uma surpresa. O visto para o Cazaquistão foi fácil, pois temos o consulado no Brasil, já os outros países não. Por e-mail, consultei os consulados perguntando se seria possível fazer os vistos quando chegássemos a Almaty. As respostas foram positivas, mas demoraria alguns dias.

Na maior parte do Cazaquistão e numa parte do Uzbequistão o relevo é de planícies. Fizemos esta parte da viagem com tranquilidade, apesar do calor forte, passando por Taraz, Jizzakh e Samarqand, a qual é patrimônio mundial da Unesco. A cidade é famosa pela localização estratégica no centro da Rota da Seda e por ser um centro de estudos islâmicos de grande importância. O mausoléu, o Gur-Emir, é uma joia da arte islâmica, com um sepulcro sobre uma enorme pedra de jade. Acredita-se que nesse túmulo estejam depositados os restos mortais do guerreiro Tamerlão, morto em 1405.

No Tajiquistão, paramos em Khujand, uma agradável cidade onde fomos muito bem recebidos na “guest house” (casa cujo proprietário faz dela uma pequena pousada). Este tipo de parada era o único para dormir em todo o interior dos países que visitamos. Como não é comum o turismo por estes lugares, praticamente não existem hotéis. Entre Khujand e Fan Mountains, em 40 km subimos 3.000 metros por uma estrada péssima. Pedras soltas, subidas e descidas íngremes, penhascos imensos e embaixo um rio de correntezas fortes, muito ruim e perigoso. Valeu a subida, pois o lugar era maravilhoso, com um lago muito bonito e a vista para as montanhas com neve, simplesmente deslumbrante.

Em Bishkek, capital de Quirguistão, conhecemos os famosos banhos turcos, com sauna a 100° e massagens terapêuticas. Saímos em direção ao lago Song-Kol, onde paramos na cidade de Cholpon-Ata em um resort. Depois saímos em direção à fronteira para entrar novamente no Cazaquistão. Foram aproximadamente 5.000 km, sendo 800 km de chão. Entregamos as motos sem nenhum dano. De Almaty fomos de avião até Astana, capital do Cazaquistão.

A viagem foi muito diferente e aprendemos mais sobre os muçulmanos e sua cultura. Inicialmente tínhamos receio, entretanto, esta viagem nos fez mudar completamente de opinião acerca deste povo, visto que encontramos pessoas muito simpáticas e hospitaleiras. Visitamos países pouco conhecidos pelos ocidentais e sem infra-estrutura para turismo, mesmo assim foi uma experiência excelente. Aprendemos, mais uma vez, que quando estamos com amigos, os caminhos ficam mais fáceis.

A matéria completa está na revista Duas Rodas de novembro (470), que está nas bancas, na Apple Store e na Google Play.

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