24/06/2015 09:59
Texto e fotos: Luís Antônio Lobo
Após dois anos de namoro e insistentes pedidos para realizarmos uma longa viagem, decidi levar minha companheira Juliana Zucherato para um teste definitivo. Disse para escolher qualquer praia de todo o Brasil, e ela decidiu por Juazeiro do Norte (CE), terra do querido Padre Cícero, de quem me tornei devoto. Decidimos conhecer também a Chapada Diamantina e Trancoso, na Bahia, por questões logísticas. O que ela não sabia é que durante a jornada, se o meu coração confirmasse o que sinto por ela desde o dia em que a conheci, a pediria em casamento.
Arrumamos as malas, pegamos a Honda Transalp e partimos de Espírito Santo do Pinhal (SP). A parada em Ituaçú (BA) foi marcante. Fomos recepcionados com os dizeres no portal da cidade: “Bem-vindos a Ituaçú, não deixe de visitar a gruta da Mangabeira, a mais bela obra da natureza”. Esse é o tipo de mensagem que todo viajante adora ler! Maravilhamo-nos com a gruta, uma lindíssima obra de pedra na qual foi construído um altar e semanalmente celebram-se missas. Um lugar de muita paz e beleza! Novamente na estrada, seguimos apreciando as paisagens da região, sempre acompanhados pelas imensas formações rochosas no horizonte, que, combinadas ao sol, formam um espetáculo inesquecível.
Na Chapada Diamantina, nossa intenção era conhecer os principais cartões postais. Ficamos maravilhados com o Poço Azul, local de água com coloração forte e pura, resultado do cálcio, do magnésio e da luz natural que adentra por uma fenda que parece ter sido feita sob medida. Um espetáculo. Há uma energia espiritual intensa, sente-se a paz. De volta à cidade, visitamos o Cemitério Bizantino, outra bela atração.
E não deixamos de subir o alto e imponente Morro do Pai Inácio, o principal cartão postal da Chapada Diamantina. Diz a lenda que Inácio, um escravo, se envolveu com a filha de um coronel que, ao descobrir o caso, mandou seus capangas caçá-lo vivo ou morto. Em um último encontro, Inácio fugiu para o morro, carregando consigo a sombrinha de sua amada, onde se escondeu por alguns dias. Mas, quando descoberto, foi cercado bem no topo pelos homens do coronel. Sem ter outra opção, vendo que teria que se entregar ou seria morto, decidiu abrir a sombrinha e pular. Desde aquele dia nunca mais avistaram o casal.
Pedido
Em Exú (PE), terra de Luiz Gonzaga, conhecemos o Museu do Gonzagão. Emocionante, de uma energia diferente, leve. Conhecemos o museu, o mausoléu e a casa onde viveu o Rei do Baião, a qual se encontra exatamente como antes. Existe também uma escola de acordeom para crianças. Para onde se vai, se vê referência das músicas, realmente empolgante. É incrível o amor daquele povo pelo músico. Atravessamos a serra do Chapadão do Araripe e entramos no Ceará. Não demorou para chegarmos a Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero Romão Batista.
Tinha que ser ali, um lugar especial para o pedido mais importante da minha vida! E assim foi. Aos pés da estátua de Pe. Cícero, após uma longa viagem de moto, retirei do bolso um anel de noivado, me ajoelhei e pedi Juliana em casamento! Como resposta recebi um beijo e um abraço emocionado. Ficamos um dia curtindo a cidade e partimos em direção a Trancoso (BA). Era tempo de descansar e curtir a praia. Aliás, que belas praias! Desertas, cheias de coqueiros... Destaco a de Caraívas e a do Espelho, eleita uma das dez mais bonitas do Brasil.
Dali iniciamos nosso retorno. No 13º dia e 7 mil km depois, chegamos a nossas casas, em Espírito Santo do Pinhal (SP). Partimos namorados e voltamos noivos. Ao final de tudo o que passamos, sentimos e vimos, as alegrias, as dificuldades, os lugares maravilhosos que ficarão para sempre em nossas lembranças, digo, sem dúvidas, meu coração estava certo. Afinal de contas, ela aceitou montar na minha garupa e ir comigo até o fim do mundo.
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