Coluna do Fausto Macieira: o velho e o novo

Nosso parceiro visita um encontro de motocicletas clássicas no Rio de Janeiro

15/06/2015 17:28

Fausto Macieira é repórter do SporTV e colunista de Duas Rodas

Em um domingo ensolarado de maio, depois das corridas da motovelocidade, segui em peregrinação anual até o Alto da Boa Vista, um dos lugares mais bonitos da Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro). O objetivo era curtir a edição 2015 do Encontro de Motocicletas Clássicas, criação do meu grande amigo Ralf Kyllar, dono da Motoralf, tradicional loja de acessórios de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Nunca perdi uma edição, mas este ano, pela primeira vez, fui de carro. Normalmente ficaria deprimido por não ir de moto, mas estava feliz da vida por ter conseguido convencer meus chefes do SporTV a enviar uma equipe de gravação para mostrar o evento. Bem, a equipe teria que gravar rapidamente o Mundomoto, quadro semanal que tenho no SporTVNews, e seguir para a final do Mundial de Surfe, que aconteceu no mesmo dia.

O pessoal da equipe queria fazer tudo rápido para ter tempo de almoçar antes de ir para a praia, e concordei em compactar a agenda para não complicar a vida deles. Eu também tinha outra transmissão à tarde, a abertura do Brasileiro de Motocross, direto de Limeira (SP). Estava tudo combinado, mas sentimos que perderíamos a hora assim que chegamos. A praça estava lotada de motos e pessoas, por assim dizer, clássicas, misturadas com novas gerações de máquinas e gente. Uma festa para os olhos e para o coração.

Depois de conseguirmos estacionar, entramos na Praça Afonso Viseu, remanescente dos bons tempos cariocas, com um chafariz (desativado, nada é perfeito) no centro e um restaurante centenário em um dos lados. A praça foi cenário de novelas nos anos 1970 e é uma pérola urbana, cercada de mansões  de famílias abastadas em tempos idos. Nas 11 edições do encontro, a praça se transformou em uma espécie de bolha, como aquelas miniaturas cheias d’água que a gente compra para recordar onde esteve, a “Rosebud” do Cidadão Kane, melhor filme da história do cinema.

Motos significativas como as Yamaha DT, MX e RD, as Suzuki TS e GT, as Honda CB, as Kawasaki KZ, europeias, italianas, inglesas, alemãs, especiarias de um mundo romântico, de descobertas que sobrevivem nas nossas lembranças, nos nossos sonhos. E as pessoas então, pura magia, gente que, salvo por estas ocasiões, ficaria sem ver por décadas. Companheiros de aventuras de cabelos grisalhos ou nenhum fio sobrevivente na cabeça, com jeito de professores de Hogwarts, a fantástica escola de bruxaria da série Harry Potter (sim, já li toda a série do HP, e recomendo). E as gatinhas da época, senhorinhas de agora, como diz a minha mãe, hehe. 

Fiquei meio sem ação, mas tive que seguir em frente, no papel de motojornalista, atarefado com passagens, sem ter tempo para conversar fiado e dar umas voltas nas relíquias, o que em geral é o que mais faço por lá. Entrevistei algumas pessoas, entre elas o Ralf e o colecionador Leandro Franco, de 81 anos, que estava com duas preciosidades do seu enorme acervo: uma Triumph 1912 e um motor Hermes de 1945 para adaptação em bicicletas, tudo funcionando, como ele fez questão de demonstrar. O lusitano Leandro contou casos dos seus tempos de piloto e disse que o Brasil melhorou muito desde que ele desembarcou aqui em 1947: “Ih, era uma confusão danada, só não voltei para casa porque o navio já tinha partido.” Ainda bem, seu Leandro, ainda bem. Pelo menos nas motos – e no surfe – estamos avan&ccedccedil;ando...

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