Coluna do Marcelo Assumpção Ducati e Lamborghini juntas: um namoro que poderia dar casamento

Marcas italianas do Grupo Volkswagen têm a oportunidade ideal para atuarem juntas

28/05/2015 12:26

Dias atrás li uma notícia que pela primeira vez falava em parceria das marcas italianas Ducati e Lamborghini, de propriedade do grupo Volkswagen. Na foto os dois sorridentes CEOs apertam as mãos à frente de uma Panigale e um Aventador. Fiquei animado para descobrir o que duas marcas tão emblemáticas e com tanto em comum poderiam aprontar juntas, mas logo avancei na leitura e descobri que ao menos por enquanto aquilo nada tinha a ver com uma série especial ou produto desenvolvido em conjunto chegando às ruas. As fábricas ficam em municípios vizinhos e inauguraram um centro para treinamento de jovens, que estudarão por conta da Fundação Volkswagen até se profissionalizarem em uma das fábricas de bólidos.

Aquilo me deixou com uma ponta de esperança de que os donos considerem atrelar de fato marcas que poderiam ser complementares. Seria uma das associações mais pertinentes que posso imaginar entre fabricantes de duas e quatro rodas: Ducati e Lamborghini compartilham experiências parecidas em suas histórias e principalmente a cultura italiana de se construir veículos com imagem vinculada à performance, design e exclusividade. Que tal uma nova Ducati Panigale Superleggera com carenagem e componentes inovadores de fibra de carbono desenvolvidos em parceria com a Lamborghini, que já constrói chassis de carros inteiramente deste material? Coincidentemente ou não, o sobrenome Superleggera batizou uma edição especial do Lamborghini Gallardo na década passada.

Ontem a fabricante de superesportivos confirmou a fabricação de seu primeiro SUV, que receberá um novo motor capaz de atingir menores níveis de emissões. Os atuais V10 e V12 não se enquadrariam nesse tipo de uso, além da questão das emissões, porque precisariam entregar mais torque. O motor turbinado preenche todos os requisitos, é uma tecnologia que o grupo VW já domina e foi mencionado como alternativa. Não seria interessante escutar da Ducati que sua futura moto sobrealimentada contou com o know-how da Lamborghini? Ou quem sabe dos motores de baixa litragem de Audi e VW? Pois é, a primeira alternativa parece mais apropriada, assim como quem compra um Lamborghini dificilmente se interessaria tanto pelo esportivo Audi R8 – embora motor V10, tração integral e eletrônica embarcada tenham a mesma origem. 

As sinergias entre Ducati e Lamborghini poderiam extravasar as fronteiras do desenvolvimento de produtos, influenciando até estratégias comerciais e de marketing. Unir esforços no mesmo showroom em mercados internacionais ou nos mais prestigiados salões não seria uma utopia, afinal, com menos “aderência” entre as marcas a Mercedes-AMG já planeja fazê-lo com a MV Agusta, da qual adquiriu 25% no fim de 2014. Deram os primeiros passos no Brasil durante a semana passada, quando a AMG locou um autódromo no interior de São Paulo para apresentar novos produtos a jornalistas e clientes, e lá estavam as MV expostas.

Imagine, então, o que poderiam fazer juntas no mesmo espaço duas marcas que comungam a paixão italiana pela “macchina”: as exóticas carrocerias Lamborghini de um lado e as provocantes Ducati do outro representando o que há de mais sexy e italiano em duas e quatro rodas. Soa tão bem que até parece slogan... Outro exemplo de sinergia – este já com resultados comprovados – vem da BMW, que se beneficia dessa estratégia vendendo motos para endinheirados clientes de carros da marca que querem começar por cima no mundo de duas rodas, ou mesmo abrindo concessionárias com os dois tipos de produtos para dividir custos.   

Até agora, a consolidação que vem acontecendo no mercado de veículos através da aquisição de marcas em dificuldade por grupos capitalizados como o VW, que querem penetrar novos mercados, levou à atuação conjunta nos bastidores para não haver prejuízo à identidade de cada marca. O comprador saneia as finanças, implanta uma gestão mais eficiente, obtém ganhos de escala econômica com fornecedores, desenvolve plataformas compartilhadas... mas diante do público pouco se fala desse intercâmbio. 

No mundo das motos aconteceu o mesmo quando a Ducati foi comprada pelo grupo VW. Nota-se a presença do novo proprietário nos bastidores e até no desenvolvimento dos veículos, embora evitem falar em interferência nos produtos. Desta vez, Ducati e Lamborghini têm a oportunidade de fazer diferente: duas marcas que aderem, podem se fortalecer mutuamente e não precisam temer prejuízo à autenticidade da cultura italiana de esportivos.

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