Coluna Leandro Mello: Efeito colateral

Faça vídeos, sim, de seus treinos e viagens por paisagens maravilhosas. Se quiser adrenalina na veia, procure um curso ou track day

19/03/2013 15:19

 

A popularização das câmeras onboard gerou um efeito colateral: o incentivo à imprudência. É isso mesmo. Você se lembra daqueles vídeos que vez por outra vemos na internet com velocímetros beirando os 300 km/h ou “corredores de estrada” fugindo da polícia? Há alguns anos proibi o uso dessas câmeras em meu curso de pilotagem porque a maioria dos alunos começava a filmagem, se preocupava mais em fazer um vídeo radical e acabava caindo. 

Não que eu seja contra os vídeos amadores, mas o uso tem de ser mais consciente. Já assisti a filmagens fantásticas de pilotos de cross, por exemplo, que dão referências importantes e servem de aprendizado para outros motociclistas. A questão é que existe o bom e o mau uso. O vídeo construtivo que mostra técnica e beleza e o vídeo que expõe crimes de trânsito – e, não se iluda, serve como prova para a polícia. 

Acelerar a 300 km/h é fácil, basta ter a moto e uma linha reta. Não vejo mérito nem habilidade nisso, só uma grande chance de perder a vida e fazer com que as pessoas julguem a moto como um veículo perigoso e generalizem os motociclistas como imprudentes.

Recentemente, depois de acumular dezenas de milhares de visualizações em vídeos no trânsito paulistano, o “Tiozão da Hornet” infelizmente atropelou um pedestre. Acabou a graça das piadas que contava para a câmera, pois foi indiciado por homicídio culposo e apologia ao crime (por causa dos vídeos). Faça vídeos, sim, de seus treinos e viagens por paisagens maravilhosas. Mostre aos outros tudo de positivo que a motocicleta traz para sua vida. E se quiser adrenalina na veia, procure um curso ou track day para se desenvolver como piloto em condições controladas e seguras.

Leandro Mello é piloto de testes de Duas Rodas e do programa AutoEsporte, da Rede Globo

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