Coluna Marcelo Assumpção: A um passo do paraíso

Novos modelos de 300 a 500cc foram criados para a Europa, mas resolverão o problema do Brasil

06/06/2013 18:04

O mercado de motos brasileiro está perto de resolver uma deficiência de mais de uma década graças à União Europeia. Parece improvável, mas modelos de 300 a 500cc renasceram na Europa por causa de uma nova legislação. Em janeiro deste ano foi criada a categoria de habilitação “A2” (motos de até 48 cv), na qual o motociclista precisa permanecer por dois anos até ter acesso ao paraíso das motos de potência irrestrita. No Brasil, principalmente por razões econômicas, essas motos nem sempre representaram um passo, e sim a chegada ao paraíso – proporcionam viagens confortáveis e viabilidade em uso cotidiano sem custos estratosféricos, papel que a Honda CB 400 cumpriu na década de 1980 e a CB 500 na década seguinte.

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O que temos a ver com a nova categoria “A2” de habilitação na Europa? Essa realidade que parece tão distante da nossa – sequer temos o sistema de habilitação por categorias para motos no Brasil – foi responsável pela criação de novos modelos que se encaixam perfeitamente na atual lacuna de opções brasileira. Num cenário de desenvolvimento de modelos globais, que ajudam a reduzir os custos das fabricantes, a Honda criou e já começa a exportar para fora da Europa a nova CB 500 (47 cv); a KTM acaba de iniciar as vendas da 390 Duke (43 cv); e a Kawasaki renovou a Ninja 250 com a versão “bombada” de 300cc e 39 cv. A Ninja está à venda no Brasil desde o fim do ano passado, após um louvável esforço de lançamento mundial simultâneo que incluiu o país na agenda. As outras duas fabricantes preparam os lançamentos locais já como parte da linha 2014.

A Honda esperava avidamente pelo novo projeto mundial e já planejava seu lançamento no país há mais de dois anos, quando sequer havia notícias sobre a futura novidade na Europa. Lembro-me de ter ouvido de uma fonte da marca, meses antes do Salão Duas Rodas de 2011, que a nova CB de média cilindrada não seria um lançamento para aquele salão. Será no de 2013. A faixa de preço será intermediária entre as Kawasaki Ninja 300 e ER-6. 

A última a chegar, com um histórico não menos interessante, provavelmente será a KTM. A tentativa de desembarcar no país dois anos atrás com uma planta para modelos de baixa cilindrada em Manaus (AM), em sociedade turbulenta com o representante local Grupo Izzo, fracassou. Recentemente, o CEO da marca disse que busca o parceiro certo para não repetir os erros do passado. Os austríacos querem replicar em maior escala a operação que já funciona na Colômbia, onde a montadora local Auteco vem abastecendo o mercado com a 200 Duke. A versão 390, de especial interesse para o Brasil, custa apenas 10% mais ou quase o preço da Ninja 300.

Fontes ligadas à J.Toledo (representante Suzuki) afirmam que a empresa esteve em contato com a KTM e haveria outra montadora nacional no páreo. A empresa brasileira nega. O anúncio da parceira escolhida pode acontecer ainda neste segundo semestre, mas a operação comercial ficaria para 2014. Seja qual for o desfecho nos bastidores da nova sociedade austro-brasileira, é certo que agora estamos a um passo de ter opções reais para o upgrade das 250cc.

Marcelo Assumpção é editor-chefe de Duas Rodas

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