Comparativo: BMW F700GS x Triumph Tiger 800

Nova BMW F700GS foi pensada para facilitar o uso urbano e nas estradas asfaltadas, mesma proposta das Triumph Tiger da série XR

22/02/2017 06:02

As fabricantes não param de lançar modelos confortáveis com suspensões elevadas. O motivo é que em vez de colocar carenagem numa naked e direcioná-la ao uso sport-touring perceberam que é possível fazer o mesmo com mais espaço e conforto para os ocupantes com outro tipo de moto. Ademais, especialmente no Brasil, o asfalto não é dos melhores e ter mais curso nas suspensões torna a pilotagem muito mais agradável e despreocupada.

No segmento de 800cc até agora havia apenas três opções, que se destinam a públicos distintos: a crossover derivada da Yamaha MT-09 focada em performance no asfalto, com cursos de suspensão não tão elevados quanto de modelos concebidos para uso todo-terreno (137 mm e 130 mm com aros de 17 polegadas); as Triumph Tiger XR e XC para atender a um público mais amplo (a primeira tem 180 mm e 170 mm nos cursos com rodas de aros 19 e 17, a segunda 220 mm e 215 mm com rodas raiadas de 21 e 17); e por fim a BMW F800GS no mesmo extremo do uso misto da Tiger XC, com suspensões e cursos mais aptos a enfrentar off-road (230 mm e 215 mm com aros 21 e 17).

Faltava uma BMW mais baixa, com roda de liga 19 na dianteira para atingir um público maior sem as limitações impostas pela altura da 800GS, facilitando o uso urbano e preservando o conforto de quem não pretende entrar na terra com frequência. Essa moto já existia no exterior como F700GS, uma variação que apesar do outro número no nome para diferenciá-la usa o mesmo motor de 798cc, que passou a ser vendida no Brasil na linha 2017: nela o banco de 880 mm de altura vai 820 mm, com cursos das suspensões em ainda consideráveis 170 mm.

Parecem modificações sutis, mas entre outras mudanças o resultado é uma experiência de pilotagem bem diferente, mais fácil e ágil, por um preço menor, de R$ 40 mil. Melhor que isso, depois deste comparativo com a Tiger ficou evidente que a nova opção pode agradar a um público específico – a versão XR da Triumph é a concorrente natural se considerado o pacote de itens de série e o preço de R$ 38.590, mas a completa XRx era a única que estava disponível para teste; custa R$ 43.990 e soma modos de pilotagem, cruise control e protetores de mão.

Cidade ou estrada?

Uma vez sentado sobre as duas percebe-se que a BMW é mais magrinha, o acesso dos pés ao chão facilitado porque o banco é mais estreito na junção com o tanque (por onde as pernas passam) e o peso é menor em cerca de 10 kg, o que é somado a seu centro de gravidade reduzido (a gasolina é armazenada sob o assento e o motor de 2 cilindros é menor). As principais vantagens da Triumph são os bancos macios devido à maior camada de espuma e a mesma largura frontal que reduz a agilidade, porém proporciona mais proteção aerodinâmica (o para-brisa alto ajuda), além de permitir que o tanque tenha a maior capacidade de 19 litros contra 16 litros na GS.

Dentro da cidade ficou evidente a vantagem da BMW, passando por espaços onde o piloto da Triumph tinha dificuldade, precisava fazer mais esforço para mudar de direção, além de o motor bicilíndrico entregar mais torque em baixas rotações, auxiliando portanto no início de cada aceleração. Quando entramos na estrada a situação se inverteu, o conforto proporcionado pela Tiger é maior, o motor de 3 cilindros vibra menos e conforme as rotações aumentam ela dispara na frente. 

O motor da BMW é o mesmo da F800 com algumas alterações que lhe subtraem 10 cv para que renda melhor em ambiente urbano e reduza o consumo de gasolina. Produz até 75 cv a 7.000 rpm e 7,8 kgf.m a 5.300 rpm, portanto 20 cv a menos do que a Triumph entrega ao se esticarem as marchas a 9.250 rpm (atinge 95 cv), enquanto o torque máximo de 8,05 kgf.m da inglesa só é alcançado a 7.850 rpm.

Na comparação dos pacotes de série existe uma boa equivalência, ambas com ABS e controle de tração, mas a GS leva vantagem sobre a XR (que custa R$ 1.400 a menos) por incluir aquecedor de manoplas e protetores de mão. Se o comprador da Triumph quiser um pacote superior pode pagar R$ 5.400 a mais pela XRx.

Ao fim do teste concluímos que a chegada da BMW F700GS soma bastante, porque mais que uma alternativa da BMW às Triumph Tiger da série XR traz características diversas. É uma melhor opção urbana e mais fácil de conduzir, enquanto a Tiger sobressai em uso rodoviário.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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