Comparativo scooter: Dafra Cityclass 200 x Honda PCX 150

A marca brasileira segue com sua estratégia de buscar nichos promissores, agora mirando o sucesso do Honda

20/01/2015 09:29

Texto: Ismael Baubeta  fotos: Mario Villaescusa

Foi assim com o Citycom 300, de cilindrada inexistente entre os scooters até seu lançamento, e se repetiu com o Maxsym 400, mais barato e completo do que o Suzuki Burgman estradeiro. Agora com o Cityclass 200 a Dafra coloca sua artilharia pesadamente armada com a mira em um único alvo: o Honda PCX 150, modelo mais vendido do país, à frente até dos mais baratos Lead 110 e Burgman 125.

No livro “A Arte da Guerra”, escrito pelo general chinês Sun Tzu no século 4 A.C., ele ensina a estudar o exército inimigo para deixá-lo em desvantagem, mesmo com contingente menor, algo parecido com a situação da Dafra diante da Honda. Quem sabe eles fizeram a leitura... O Cityclass tem diferenciais sobre seu concorrente direto, o PCX: motor de 200cc, rodas de aro 16 polegadas, assoalho plano, gancho no escudo frontal, carregador USB e freio traseiro a disco. Já o Honda fica em vantagem na refrigeração líquida e sistema Start-Stop, que desliga o motor nas paradas de semáforo para economizar gasolina e o religa automaticamente quando o acelerador é acionado.

Visualmente o Cityclass é mais volumoso do que o PCX, a diferença de tamanho faz parecer maior a diferença na cilindrada, embora o design do Honda ainda seja um pouco mais arrojado. Sentando-se em cada um já é possível perceber que o Dafra deixa os braços mais esticados e elevados, enquanto o banco do PCX é claramente mais macio e confortável. Nos dois sobra espaço para as pernas, mesmo para os mais altos. O painel do Dafra tem o complemento do conta-giros digital, indisponível no Honda.

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Já debaixo do banco o PCX tem, pelo menos, uma jaqueta de vantagem, além do capacete integral que os dois comportam. Só no Dafra há um porta-luvas grande com fechadura, para compensar, e um bagageiro metálico que valoriza a traseira da moto, servindo de base para o suporte de baú.

Ação e reação

Os argumentos do marketing da Dafra foram (quase) convincentes, mas foi na prática que estes dois scooters mostraram suas virtudes e defeitos, se é que podem ser chamados assim. A maior cilindrada do Cityclass não determina torque maior, elas empatam em 1,4 kgf.m, sendo que o PCX entrega tudo a 5.250 rpm, enquanto o Cityclass o faz a 6.000 rpm. A diferença nas fichas técnicas é tão pequena (13,6 cv a 8.500 rpm contra 13,8 cv a 7.500 rpm, respectivamente) que só restou acelerá-los para tirar as conclusões sobre o desempenho.

Ao girar o punho o Dafra demora mais para responder, há um atraso entre o acionamento e a real partida da moto. Na Honda a percepção à resposta do acelerador é mais imediata, dando até a impressão de arrancar melhor, mas os números desmentiram a sensação. No teste, para colher melhores acelerações com scooters, na arrancada seguramos o freio até que as rotações do motor subam, por causa do câmbio automático. Desta forma o Cityclass precisou de menos tempo na avaliação de 0 a 80 km/h. Com garupa, o torque máximo mais cedo no PCX ajuda a empurrar antes e mais rápido do que no Dafra, depois que pegam embalo o Cityclass passa novamente. A briga é bem próxima.

Os dois têm suspensões bem calibradas e transmitem segurança, mas no Dafra a rigidez garante boa estabilidade e transmite mais impactos ao guidão, principalmente em pavimento irregular. Contornando curvas fica bem assentado e os bons pneus Pirelli Diablo Scooter permitem inclinações abusadas, divertidas e sem sustos. O PCX tem rodas menores (14 polegadas), mais rápidas nas inclinações e um pouco menos estáveis contornando curvas de maior velocidade, algo ressaltado com garupa, quando as pancadas de final de curso da suspensão traseira são quase inevitáveis.

Os scooters de um modo geral estão cada vez mais divertidos e seguros, com rodas maiores e freios de acionamento combinado (o traseiro aciona também o dianteiro). E no caso dos dois, mais uma vez, este foi um item do teste em que mostraram equivalência.

Sem dúvida o campo de batalha para conquistar o consumidor ganhou nova fronteira e a Dafra, a exemplo de Sun Tzu, parece ter planejado invadir o território inimigo, sem a pretensão de destrui-lo, mas com o propósito de seguir se firmando como boa opção de compra, sustentada pela boa qualidade de seus produtos e oferta de acessórios procurados pelos proprietários no mercado de reposição (caso do para-brisa alto), terreno ainda desprezado pela Honda.

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