Comparativo: Triumph Street Cup x Ducati Scrambler

Versão café racer da Triumph enfrenta a Full Throttle da Ducati, ambas retrô de inspiração esportiva

29/06/2017 16:41

Você não precisa ser um coroa para apreciar uma moto clássica, nem uma motocicleta 0 km com referências de época tem que ser ultrapassada tecnologicamente para cumprir seu papel. Prova disso é a moderna tecnologia utilizada nestes modelos, cada vez mais difundidos e apreciados por motociclistas das mais diferentes faixas etárias de todo o mundo. A maior prova de que há uma busca por novas referências e estéticas está na quantidade de lançamentos retrô nos últimos anos, inclusive para diferentes vertentes de estilo. Aqui estão duas representantes de um estilo mais esportivo, porém mantendo praticidade para uso urbano: a recém-chegada Triumph Street Cup remete às inglesas café racer e a Ducati Scrambler Full Throttle às tracker, partindo do modelo de mesmo nome que a marca produzia nos anos 1970. Ambas com motores de 2 cilindros, capacidade cúbica e preços próximos, de R$ 40.990 a Triumph e R$ 41.900 a Ducati.  

A Street Cup tem pedaleiras mais recuadas e guidão baixo do tipo morcego, mas a ergonomia é bastante cômoda. Quando subi pela primeira vez na moto pensei que fosse uma posição sacrificante e que depois de uma ou duas horas começaria a sentir cansaço, não é bem assim. É possível pilotar por muitos quilômetros até que o corpo comece a reclamar da inglesa. A Ducati também tem boa ergonomia, mas as pedaleiras deixam pouco espaço para os calcanhares (encostam na ponteira de um lado e na balança da suspensão do outro) enquanto o guidão mais alto e largo mantém o corpo ereto. Já o banco tem espuma mais rígida e o nível de vibração do V2 de 803cc é maior (2 cilindros paralelos e 900cc na Triumph).  

Apesar de as duas compartilharem o gosto pela nostalgia, ao serem aceleradas seus comportamentos são quase opostos. A Triumph empurra com vontade e linearidade desde o começo, o torque máximo de 8,15 kgf.m está totalmente disponível já a 3.230 rpm e entrega 55 cv a 5.900 rpm, bem diferente da Ducati, que é menos progressiva na entrega de potência e se sente mais à vontade de médios para altos regimes (6,9 kgf.m a 5.750 rpm e 75 cv a 8.250 rpm). O acelerador da italiana responde bruscamente a pequenos movimentos, é do tipo “on/off”, o que dificulta a modulação em uso urbano ou com garupa (prepare-se para receber “capacetadas”). Outro ponto negativo é que o antigo motor da marca refrigerado a ar, herdado da geração anterior da Monster, exala calor excessivo quando preso no tráfego. Por outro lado, uma vez na estrada e em velocidades mais altas, revela mais fôlego para esticadas de marcha.    

Diversão com inclinação

A Scrambler, velha conhecida de nossos testes, tem uma ciclística bastante leve para manobrar e até esportiva, as suspensões são firmes, o que dentro da cidade compromete algo do conforto. A Street Cup tem suspensões mais macias e que respondem de maneira mais amigável para o condutor, mas ainda assim não filtra totalmente as imperfeições do asfalto. Sair por estradas sinuosas é levá-las ao nirvana onde se soltam e podem se mostrar de fato: a Triumph com a facilidade de modular o acelerador nas saídas de curva, a tranquilidade do controle de tração (indisponível na Ducati) e a facilidade do bom torque sempre à disposição para retomar velocidade, evitando reduções de marcha frenqüentes. Já em velocidade de cruzeiro numa auto-estrada incomoda a ausência de 6ª marcha para reduzir ruído e vibração, o que a Scrambler tem.

As suspensões da Scrambler garantem estabilidade ótima em curvas que o piloto queira contornar com mais arrojo, enquanto a Cup oscila mais no limite. Na hora de parar os freios com ABS e dutos de aço das duas nada têm de retrô, ambos com um disco na frente, mas sem dúvida eficientes. O conjunto dianteiro da italiana é superior, o mesmo das superbikes da marca em configuração simples (e não duplo): disco de 330 mm com pinça monobloco de quatro pistões e resposta imediata à menor pressão na alavanca, como é característico em modelos Ducati. Na inglesa são 310 mm com pinça de dois pistões e reações graduais, o que no fim de 50 metros percorridos freando a partir de 100 km/h as deixa lado a lado. Mesmo resultado alcançado de maneiras diferentes, ficando ao gosto do freguês o tato mais preciso e responsivo da Scrambler (ao estilo das esportivas) ou suave e amigável da Street Cup.  

Para nós fica claro que há caminhos diversos a recomendar dependendo do perfil de motociclista. A Triumph Street Cup é um projeto mais equilibrado, moderno (eletrônica embarcada, refrigeração líquida do motor com 4 válvulas por cilindro) e bem acabado de forma geral, que se encaixa melhor em uso urbano e passeios tranquilos. Já a Ducati Scrambler Full Throttle é uma moto de extremos, comportamento nada progressivo que pode ser desconfortável dentro da cidade ou para andar devagar, reservando uma recompensa a quem gosta de tocar esportivamente.  

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