10/11/2025 15:47
Uma atuação digna de quem quer ser campeão. A disputa da Moto2 vai se decidir só em Valência, no próximo fim de semana, mas Diogo Moreira (Italtrans Racing Team) fez muito mais do que apenas vencer em Portimão: ele colocou as duas mãos na taça. Foi uma vitória de autoridade, madura, cirúrgica. E, com Manuel González (Liqui Moly Dynavolt Intact GP) apenas em sexto, a vantagem saltou para 24 pontos. O troféu pode não estar em definitivo nas mãos do brasileiro ainda — mas já está bem próximo.
O pódio ainda teve cheiro de novidade: Collin Veijer (Red Bull KTM Ajo) debutou com classe na Moto2, cravando o segundo lugar. E, na mesma vibração, David Alonso (CFMOTO Inde Aspar Team) manteve a maré boa e subiu pela terceira vez seguida ao pódio.
Moreira precisava de uma vitória ou, no mínimo, um segundo lugar para deixar Valência encaminhada. Largando da pole, partiu como quem sabe o tamanho da responsabilidade. Holeshot impecável. Veijer logo atrás. González surgindo só em sexto. Jake Dixon (ELF Marc VDS Racing Team) caindo para terceiro. Baltus, o terceiro no campeonato, pagando caro por uma escapada na curva 1 e despencando para P11. O roteiro começava a se desenhar para o Brasil.
Na volta 3, os seis primeiros estavam compactos. Moreira e González lado a lado, com Veijer, Dixon, Vietti e Alonso compondo o pelotão de elite. Um giro depois, Veijer tomou a dianteira na freada da curva 1. Nada resolvido, tudo em jogo.
A volta 5 trouxe o primeiro susto para González: uma oscilação, um erro, e Canet não perdoou — jogou o #18 para sétimo na curva 8. Enquanto isso, Moreira seguia sólido em segundo. E algo crucial acontecia: o grupo dos quatro primeiros abria um segundo de vantagem sobre o restante. A batalha pelo pódio começava a ganhar contornos próprios.
No oitavo giro, González se recuperou e voltou ao P6. Canet passou Dixon, e depois González também o superou no início da volta 10. Mas era Baltus que vinha com faca nos dentes. O belga fez uma sequência de ultrapassagens cirúrgicas — Vietti, Dixon, González — todas num respiro. Chegava a quinto com apetite, ainda com tempo para mirar o pódio.
Cinco voltas para o final. Moreira empurrava Veijer, Alonso controlava o ritmo em terceiro e Canet vinha teimoso em quarto. A conta da tabela mostrava: vantagem de 19 pontos para o brasileiro. Mas o protagonista queria mais.
A duas voltas e meia do fim, ele atacou. Em grande estilo. Curva 11, por dentro, limpo e decisivo. Moreira líder outra vez. E agora os quatro da ponta estavam praticamente colados, prontos para um desfecho de cinema. A matemática sorria: diferença de 24 pontos. A pista também.
Última volta. Quatro pilotos duelando na mesma batida do coração. Dixon caiu da P7 e saiu do enredo. Restava uma pergunta: alguém conseguiria evitar que Moreira deixasse Portimão com a mão — e quatro dedos — no título da Moto2?
A resposta: não. Ele venceu com personalidade. Venceu com nervos firmes. Venceu como quem sabe que está perto de algo grande. Agora, chega a Valência na melhor posição possível.
Veijer celebrou seu primeiro pódio na categoria, Alonso fechou a trinca com o brilho habitual. Canet foi eficiente em quarto, e Baltus completou os cinco primeiros. Com a queda de Dixon, os três estão oficialmente fora da briga. A matemática afunilou: Moreira x González. Um contra um. Final digno de temporada épica.
González lamentou o sexto lugar, mas manteve as chances vivas. Holgado, logo atrás, garantiu com o P7 o título de Estreante do Ano. Mais que justo.
E agora, Valência. Para González, só a vitória interessa. Para Moreira, basta chegar entre os 14 primeiros colocados.