Roteiro de viagem: Lençóis Maranhenses

Uma aventura de moto pelas dunas e lagoas de uma paisagem única no Brasil

28/08/2018 01:08

Por Eduardo Tostes

Conhecer os Lençóis Maranhenses é um sonho que muita gente gostaria de realizar. Ver aqueles lagoas que surgem da noite para o dia em meio àquelas gigantes montanhas de areia que se deslocam ao sabor do vendo é um espetáculo da natureza que todos deveriam presenciar ao menos uma vez na vida. Agora imagine o sonho de poder conhecer este lugar paradisíaco durante uma aventura off-road ao lado de verdadeiros ícones do motociclismo esportivo compartilhando suas experiências e contando ainda com uma estrutura de primeira classe para repor toda energia desprendida durante a aventura. Isso existe e é organizado pela Brasil Moto Tour.

O Parque dos Lençóis Maranhenses se estende por uma faixa litorânea de cerca de 70 km com dunas e lagoas de água doce que avançam até 25 km em direção ao interior. Fica três horas de estrada à Leste da capital São Luís. Quem nos recebeu para o briefing foi Dimas Mattos, piloto de rali com 17 participações no Rally dos Sertões e três no Dakar, que deu instruções ao grupo de pilotos e advertiu sobre as peculiaridades de pilotar na areia fofa. Outros pilotos como Bruno Crivilin (campeão brasileiro de enduro) e Guto Constantino (campeão do Enduro da Independência) nos acompanhariam durante os três dias de aventura.

No meio do sertão foi montada uma pousada com ar-condicionado, chuveiro quente e wifi para receber os motociclistas. Foram fornecidos equipamentos de proteção ASW novos, incluindo óculos de viseira escura para obstruir a claridade das dunas, tudo reposto limpinho a cada dia. Uma oficina cuidaria das 25 KTM 450 EXC-F com tanque ampliado para 15 litros, manoplas macias para não judiar das mãos, ponteira esportiva, number plate no lugar do farol e pneus Borilli com mousse para não furar e atrapalhar a aventura.

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Tudo muda na areia
A aventura já começa na areia fofa, atrás de nosso guia o piloto Cauê Aguiar. A maior dificuldade neste piso é encontrar o posicionamento correto. Nas retas pilotamos quase o tempo inteiro projetando o corpo para trás para aliviar o peso na dianteira e evitar o afundamento da roda. Uma técnica que ajuda muito é travar as pernas na moto para não desgastar tanto os braços durante o trajeto. Demorei um pouco para me acostumar com esta posição de pilotagem e também com a flutuação da roda traseira, e às vezes da dianteira. Nesse piso a moto só começa a andar de verdade quando atingimos 60 km/h, quando a pega grip na areia e conseguimos ter melhor controle. No início ocorrem alguns tombos em baixa velocidade até pegarmos o jeito. As KTM 450 ajudam demais, têm o torque ideal para esse terreno e ótima ciclística.

Para se ter uma ideia da dificuldade, os trechos com cerca de 60 cm de profundidade de areia fofa eram os melhores. Difícil mesmo era encontrar o posicionamento correto para fazer curvas no piso arenoso. Às vezes era necessário ficar com o corpo recuado e em outras curvas o ideal era se aproximar mais do tanque. É complicado saber qual será o melhor posicionamento a cada curva e por isso é preciso ter experiência off-road. Alguns participantes com maior grau de dificuldade não ficaram na mão, a organização já prevendo isso disponibiliza quadriciclos e UTVs para que todos possam participar da aventura sem perder a adrenalina.

Durante o percurso passamos por pequenas lagoas formadas pelas constantes chuvas do início do ano. Algumas são mais profundas do que parece e por isso é tão importante seguir os guias. Aliás, as dunas e lençóis parecem infinitos e isso esconde um grande perigo. Neste ambiente nossa orientação fica totalmente distorcida pela imensidão de areia branca e a margem de erro da trilha deixada pelos guias é de 1,5 metro, no máximo, para cada lado.

A chegada às dunas é uma nova emoção. Primeiramente pela superação das desafiadoras montanhas de areia que exigem técnica e preparo físico e também pelo visual maravilhoso e único, já que da noite para o dia o vento é capaz de mudar totalmente o cenário. O cuidado necessário é observar onde começam e terminam as dunas, porque podem terminar num abismo de 30 metros. O “surfe” nos paredões de areia é o ápice da aventura, assim como a descida das dunas mais altas. 

Durante o passeio também vimos de perto os gigantes geradores de energia eólica, pilotando embaixo daquelas enormes hélices que fazem a gente parecer uma formiguinha até a chegada à praia de Caburé, onde tivemos 20 km de praia para enrolar o cabo. Ao final do terceiro dia, com mais experiência e adaptação à pilotagem na areia, voltamos a acelerar nas trilhas arenosas formando trilhos profundos e ninguém aliviou a mão mesmo com o cansaço acumulado. Todos aceleraram forte lançando leques de areia para cima, atravessando pequenos lençóis e rios rasos até a volta à pousada com um sorriso de satisfação. 

 

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