Qual é a vantagem dos freios CBS?

Depois da Honda CG Titan, freios combinados chegam a Yamaha Fazer. Testamos as duas para mostrar diferenças e benefícios em números

29/06/2016 13:33

Até 2019 todas as motos novas vendidas no Brasil receberão algum sistema de assistência à frenagem, seja o anti-travamento ABS ou o de ação combinada CBS. Não há o que discutir sobre a eficiência do ABS ao evitar que uma roda trave e a moto caia, mas como o acionamento conjunto de dianteira e traseira pode te ajudar? Tomando como base o grande número de motociclistas que têm o costume de frear majoritariamente com o freio traseiro, seja por medo de travar o dianteiro ou porque assim foram ensinados pela moto-escola, a Honda CG 160 Titan e agora a Yamaha Fazer 150 contam de série com o sistema que aciona levemente a pinça dianteira quando apenas o pedal do tambor traseiro é pressionado. Trata-se de uma medida de segurança, para reduzir o espaço necessário à frenagem, já que o sistema dianteiro é mais potente que o traseiro (o correto é utilizar os dois para obter uma frenagem equilibrada e no menor espaço possível).

A Yamaha adotou na Fazer 150 UBS (Unified Brake System, ou sistema de freio unificado, mera variação de nome) um dispositivo mecânico extremamente simples, que consiste em um cabo de aço ligado ao pedal do freio traseiro numa extremidade e ao acionamento da alavanca do freio dianteiro na outra. Quando o pedal é acionado, o cabo também puxa parte do curso da alavanca. Já na Titan, primeira das utilitárias a receber o sistema CBS (Combined Brake System, ou sistema de freio combinado), a atuação é hidráulica, utilizando uma bomba/burrinho e circuito com fluido de freio. O pedal de freio traseiro, a tambor como na Fazer, aciona uma bomba hidráulica que empurra fluido a dos pistões da pinça dianteira. Existem, portanto, dois circuitos independentes até a pinça da Titan: o da alavanca aciona dois pistões e o do pedal tem um segundo duto de fluido entrando na parte central da pinça, onde fica um pistão menor que é acionado apenas pelo circuito vindo da traseira.

A simplicidade do sistema da Yamaha tem um custo inferior e não demandará a manutenção extra de um segundo circuito hidráulico (fluido, mangueira, retentor), mas certamente precisará de inspeções e ajustes no cabo de aço para que este não crie folga e perca a capacidade de atuação. A atuação sobre o mesmo sistema na dianteira também tem um efeito colateral sobre quem freia da maneira correta, ou seja, quem aciona o pedal traseiro e em seguida a alavanca dianteira: parte do curso da alavanca já foi pressionado e há uma sensação algo desagradável de não ter sobrado muito o que se possa acionar. Nesse sentido o sistema da Honda é sem dúvida melhor e resulta em mais precisão ao não interferir na frenagem dianteira pela alavanca.

Diferenças práticas   

Mais que comparar o funcionamento e a eficiência dos sistemas de Honda e Yamaha, aproveitamos o teste para comparar frenagens só com o sistema traseiro, com o sistema traseiro combinado acionando o dianteiro e do modo como sempre realizamos nossas medições de frenagens, extraindo poder máximo dos sistemas ao acionar traseira e dianteira. Para isso reunimos os dois modelos a versões sem o sistema – uma CG 160 Fan e uma Fazer 150 anterior a esta atualização. Iniciando a frenagem a 80 km/h somente com o pedal do freio traseiro a Titan (com CBS) reduziu o espaço percorrido pela Fan em 8 metros e a Fazer UBS diminuiu a distância da versão anterior sem o sistema em quase 15 metros. Isso significa de dois a quatro carros de distância a menos, um enorme ganho de eficiência e segurança que evitará muitos acidentes com quem freia apenas usando o pedal. O ganho com o UBS “mecânico” foi maior do que com o CBS hidráulico porque o sistema aciona a pinça com mais intensidade, a Yamaha estima que numa distribuição de 70% da força para o tambor traseiro e 30% para a frente, enquanto na Honda o acionamento hidráulico é mais progressivo conforme aumenta a pressão sobre o pedal, embora a fabricante também afirme que o terceiro pistão dianteiro (menor que os outros dois) responde por até 30% da frenagem.  

As distâncias encurtam (muito) quando acrescentamos o acionamento da alavanca à essa equação, coordenando por conta própria o uso dos sistemas dianteiro e traseiro simultaneamente, aplicando cerca de 70% da força ao sistema dianteiro e 30% ao traseiro – que é menos potente, mas além de contribuir na frenagem evita que a frente da moto “mergulhe”, ajudando assim a manter a estabilidade durante a parada. Acionando também a alavanca os espaços foram reduzidos em mais 21 metros com a Honda e 15 metros com a Yamaha, portanto, se você ainda não usa o freio dianteiro vale a pena começar a treinar em uma rua pouco movimentada para se sentir (e de fato estar) mais seguro usando todo o potencial dos seus freios. 

APLICATIVO



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