08/03/2022 17:03
Talvez você não saiba, mas também existem receitas de preparação e componentes de performance feitos para motos de baixa cilindrada nacionais. Até para a mais popular delas, a Honda CG! Nossa equipe montou uma receita de preparação e criou uma Honda CG 190 usando apenas peças prontas, que podem ser compradas no mercado.
A seguir mostramos o passo a passo e os resultados que comprovam o ganho de performance em dinamômetro. Nessa preparação tivemos a ajuda de Marcelo Peixoto, da oficina paulistana Tecmoto, que começou submetendo ao dinamômetro a CG 150 usada que foi emprestada para a matéria, ainda original. Assim teríamos como comparar a performance antes e depois da preparação.
O ponto de partida dessa receita é um kit de cilindro para aumento de diâmetro e cilindrada. Usamos o da Vedamotors, que também serve para a Bros – a empresa nacional fabrica kits de aumento de cilindrada para vários outros modelos de baixa cilindrada. O kit inclui o novo cilindro com o pistão de diâmetro correspondente, anéis, pino, trava e juntas.
Para a instalação não precisamos modificar mais nada, sem adaptações no bloco nem troca de componentes na parte de baixo do motor – o pistão foi dimensionado para a biela original da Honda. E para aproveitar o aumento de capacidade volumétrica da câmara de combustão o motor precisaria receber mais combustível e “queimá-lo” da maneira certa. Por isso, o passo seguinte dessa preparação depende se a moto é alimentada por carburador ou injeção eletrônica.
Nossa moto era injetada e recebeu um módulo eletrônico auxiliar da Servitec, mas caso a sua seja carburada existe a opção de um CDI de performance que permite ajustar o avanço de ignição (momento da centelha na vela) para obtenção de mais potência ou mais torque. Esse componente já vem com programas prontos para selecionar, basta instalar.
A CG 190 recebeu um módulo do tipo “piggy-back”, que trabalha junto com a injeção original para permitir ajustes na quantidade de combustível, no ponto de ignição e no limite de rotações. A configuração é um trabalho mais complexo e delicado, que envolve a programação de cada parâmetro em cada faixa de rotação por um software específico para esse módulo. Então é recomendável que seja ajustado por um preparador treinado, para otimizar a combustão sem colocar o motor em risco.
Na CG 190 aumentamos o volume de combustível injetado para aproveitar o maior volume da nova câmara e ajustamos o ponto de ignição sem nunca passar de 5 graus de avanço. Outras possibilidades para potencializar os ganhos seria aumentarmos a taxa de compressão e modificarmos o comando de válvulas, mas nossa receita tinha o compromisso de ter uma instalação simples e usar componentes facilmente encontrados no mercado.
Depois de aumentamos a cilindrada da CG com o kit de cilindro e ajustarmos a alimentação voltamos ao dinamômetro para descobrir quais foram os ganhos de performance. Os resultados foram o pico de potência aumentado de 10,38 hp para 12,32 hp e o pico de torque elevado de 1,09 kgf.m para 1,42 kgf.m.
Pode parecer pouco, mas são praticamente 20% mais potência e 30% mais torque! Isso sempre em números medidos na roda, ou seja, inferiores aos declarados pelas fabricantes de motocicletas, que consideram medições realizadas nos motores, portanto sem levar em conta as perdas para movimentar o sistema de transmissão até a roda.
Além dos números máximos, os ganhos apareceram durante toda a aceleração, em diferentes regimes de rotações. Na prática, usar a CG na pilotagem urbana ficou bem diferente e mais divertido: saídas de semáforo mais rápidas, facilidade para vencer subidas e levar garupa. Parte dessa receita de preparação já pode ser realizada com cerca de R$ 300, mas as possibilidades de ganho de performance são amplas e dependem basicamente de quanto o proprietário da moto está disposto a investir em componentes e mão de obra especializada.
