27/02/2015 13:46
Texto e fotos: Guga Dias*
Quando o telefone do quarto tocou às 6h, Elda, minha esposa, e eu, já estávamos acordados, tamanha a ansiedade pelo dia que começava. Nosso destino era Machu Picchu. Seguimos até a Plaza de Armas no centro histórico de Cuzco, no Peru, local de saída do ônibus até a estação de trem de Ollantaytambo onde pegaríamos o Peru Trail até a cidade de Aguas Calientes aos pés da montanha Sagrada. Esse trajeto tem aproximadamente 70 km de uma estrada vicinal, estreita e cheia de curvas em forma de cotovelo, que vão descendo a montanha em meio a desfiladeiros com cerca de 1.000 m de profundidade. Guard-rail ali é um artigo de luxo.
Amigos sempre me questionam se dá para ir a Machu Picchu de moto, e a resposta é sim... só que não! Não existe estrada até Aguas Calientes, só o trem chega a esta cidadezinha, porém é possível seguir a Ruta 28B até Socospata, onde uma estrada de terra de mais ou menos 35 km o levará até a Hidrelétrica Machu Picchu (não, não foi construída pelos incas ok!). Deste ponto, onde as motos devem ficar estacionadas na estrada, será preciso caminhar cerca de 5 km até Aguas Calientes – moto não passa.
O trajeto todo, partindo de Cuzco até a Hidrelétrica consome 4h30 – com sorte – percorrendo 230 km, isso sem contar a caminhada de 1h até o acesso à Machu Picchu. É preciso levar em consideração que toda essa via sacra deverá ser feita de volta a Cuzco, então, em uma conta rápida, apenas com o traslado, serão necessárias 11h de viagem, sem contar o tempo de visitação de no mínimo 4h. Sinceramente, se você não planeja pernoitar em Aguas Calientes, vá de ônibus/trem, é muito mais seguro e confortável e o foco fica na visita.
O trajeto do trem cruza lindas paisagens às margens do Rio Vilcanota que alterna entre águas calmas e cristalinas, além de corredeiras fortíssimas. A vegetação árida vai dando lugar à mata tropical e as árvores vão surgindo em meio a picos nevados e sítios arqueológicos Incas... de terraços a fortalezas de observação. O caminho que leva mais ou menos 1h30 por si só já é fantástico.
Em nossa chegada a Aguas Calientes, pouco antes das 11h, fomos recepcionados por guias que nos conduziram até pequenos ônibus que sobem até o Parque de Machu Picchu. São os únicos veículos autorizados na cidade. É uma subida e tanto. Alguns turistas optam por fazer a pé, cruzando perpendicularmente a estrada que serpenteia a montanha. Aí são 2h de caminhada, recomendada para quem tem muita, mais muita disposição. No ônibus, são 15 minutos.
No alto da montanha iniciamos a exploração. Logo após a bilheteria, já dá para ver algumas construções, mas é necessário subir uma boa ribanceira até chegar no platô para a foto clássica de Machu Picchu. A sensação de estar, ver e sentir Machu Picchu é inexplicável, um misto de euforia e paz. É incrível e inesquecível!
Nosso guia contou a história da construção que levou entre 50 e 100 anos para ser concluída, embora exista indícios que muito ainda seria construído, devido a imensas rochas empilhadas em um canto com marcas do início do processo de lapidação. A apresentação do guia é fantástica e explica detalhes sobre costumes, moradores e estudos que eram feitos ali. Durante 2h vamos caminhando, parando e tirando fotos, aprendendo mais sobre cada construção. É incrível imaginar que essa maravilha ficou cerca de 400 anos escondida, até o início dos anos 1900, quando foi descoberta.
Após a apresentação do guia, tivemos mais 3h para caminhar por todo o sítio arqueológico, e acredito, foi pouco tempo, pois não conseguimos chegar a alguns lugares. Em cada canto há uma imensa possibilidade de ângulos de fotos e paisagens exuberantes das montanhas que cercam o parque. Subimos e descemos, entramos em salas, casas, templos... um dia para ficar para sempre na memória.
O passeio de ônibus ida e volta até a estação de trem, passagens ida e volta de trem, subida e descida de Machu Picchu de ônibus e guia nos custou US$ 185 por pessoa, o ingresso mais bem pago da minha vida.
Sobre o autor:
*Guga Dias é jornalista e editor do site Diário de Motocicleta. Já percorreu de moto 120 cidades em 23 estados brasileiros, seis países da América do Sul e quatro países na Europa.
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