Análise: Fausto Macieira faz balanço da quinta etapa do Mundial de Motovelocidade

Etapa da França ficou marcada pela dobradinha da Yamaha na MotoGP e crise na Honda

20/05/2015 19:09

O histórico circuito de Le Mans ficou lotado para receber os ases da Motovelocidade. E no final do domingo os estrangeiros dominaram os irredutíveis gauleses nas três categorias. Foi o 28º Grande Prêmio da França em Le Mans, e depois de sessões de treino muito frias e com a chuva rondando o circuito, o tempo esquentou no domingo. Marc Márquez foi o mais veloz no aquecimento, mas poucos tinham dúvida de que Jorge Lorenzo, terceiro no grid ao lado de Andrea Dovizioso, seria um sério candidato ao topo do pódio.

Na largada, Dovi dispara na ponta com a Ducati, com Lorenzo, Andrea Iannone e Márquez, que saiu mal, dividindo o espaço na entrada do esse das curvas 3 e 4. Lorenzo botou por fora na 3 e tomou a ponta na saída da 4, seguido pelas Ducati de Dovi e Iannone, com Márquez quase saindo da pista depois de uma tentativa desesperada de buscar a ponta. O pelotão completa a primeira volta com Lorenzo no comando, seguido das Ducati, Márquez, Valentino Rossi, que continua treinando mal e correndo bem, Bradley Smith, Cal Crutchlow e Dani Pedrosa, de retorno depois de três GPs fora por cirurgia no braço direito. Este, aliás, vai ao chão em uma das chicanes, sem se machucar, mas comprometendo seu desempenho.

Lorenzo tenta abrir, não consegue e nada muda no top-3, mas Rossi consegue superar Márquez. O bicampeão tenta manter o ritmo, porém a moto parece desequilibrada e ele sai da pista novamente, perdendo a quinta posição para Smith. Outro que sai da pista é Crutchlow, que depois disse que quando freou na descida da Capela, o pé escorregou da pedaleira e ele se agarrou no...  freio dianteiro, que travou a roda e o jogou no chão. Pouco depois foi a vez do companheiro Jack Miller.

Rossi, ao contrário, evolui, encosta e ultrapassa Iannone, que correu com a clavícula esquerda deslocada e precisou de analgésicos para controlar a dor. Lorenzo começa a abrir e Dovizioso é atacado por Rossi, que o supera e tenta se aproximar do líder. Lorenzo é avisado e acelera ainda mais, se isolando na ponta, com Rossi e Dovizioso à distância segura. Atrás deles, Dovi, Iannone, Smith, Márquez, Pol Espargaró, Yonny Hernandez, Danilo Petrucci e Nicky Hayden, primeiro da classe Aberta.   

A corrida pelo pódio se estabilizou, mas a luta pelo quarto lugar esquentou com um erro de Iannone, que sentiu o esforço de pilotar machucado e permitiu a chegada de Smith, que trouxe Márquez com ele. Iannone estava em dificuldades, mas resistiu até tomar uma passada limpa de Smith nos esses 3 e 4. Iannone revidou e Márquez foi com ele, iniciando um duelo emocionante que durou até a última volta e teve 17 mudanças de posição. Márquez tentou de tudo, o mesmo acontecendo com Iannone, levantando o público com uma disputa que, se foi corajosa e monumental, revelou os problemas de estabilidade da Honda RC213V safra 2015. 

A moto que Márquez pilotou foi montada no chassi testado em Valência, depois do último GP do ano passado. Naquela ocasião ele não gostou da configuração e pediu um motor menos violento. Junto com outras duas opções, o chassi em questão voltou a ser testado em Sepang, no início de fevereiro, e foi novamente reprovado. Mas os engenheiros da Honda insistiram em utilizá-lo, pois Márquez tem se queixado de dificuldades nas entradas e saídas de curva. Como não há possibilidade de modificar os motores, selados no início da temporada, o jeito é mexer na suspensão e na ciclística, tentando chassis diferentes.

O problema no motor não vem de hoje, Márquez já pedia mais docilidade no ano passado, mas os inacreditáveis dez a zero (e depois 11, com a vitória de Pedrosa em Brno) da temporada fizeram Shuhei Nakamoto e seus comandados meterem o pé no freio (traseiro) das mudanças. Em suma, MM93 reclama e a turma não escuta, como Casey Stoner na Ducati e, mais no passado, Wayne Rainey na Yamaha, Naquela ocasião, Kenny Roberts, o chefe da equipe Yamaha, disse ao seu piloto que enquanto ele não parasse de vencer as alterações não viriam.

Bom, parece ser o caso agora. Em 2014 Márquez venceu Rossi com o tempo total de 44min3s925. Este ano ele cruzou a linha de chegada da 28ª volta em quarto lugar (atrás de Lorenzo, Rossi e Dovi) em 44min4s033, um pouco mais lento, mas Lorenzo abriu inimagináveis 19 segundos dele. Ou seja, as Yamaha melhoraram muito este ano, fizeram dobradinha no pódio e estão em primeiro e segundo no Mundial. Aliás, Espanha e Itália estão novamente empatadas em vitórias na MotoGP, 90 para cada um. E a Ducati, que não foi tão bem em Le Mans, promete aprontar todas correndo em casa no dia 30, com Dovi afiado e Iannone recuperado (espera-se) do ombro.

Fato é que, depois de cinco corridas, Rossi segue líder, 15 pontos à frente de Lorenzo, Dovizioso a 4 de JL99 e Márquez em quarto, a 33 pontos da liderança. É melhor que os japoneses comecem a escutá-lo...

Moto2

Luzes apagadas e o pole Alex Rins saiu péssimo, perdendo a ponta para o inglês Sam Lowes, da SpeedUp. Porém o francês Johann Zarco queria ratificar sua liderança com uma vitória em casa, e superou Lowes, comboiado por Thomas Luthi, Takaaki Nakagami e o campeão reinante Tito Rabat. O público foi ao delírio com Zarco sumindo na frente e quebrando o recorde da pista. Luthi logo ultrapassou Lowes e foi em busca do francês, imitado por Rabat. O começo animado de Zarco perdeu força, e ele caiu nas garras de Luthi, que o ultrapassou na quinta volta e sumiu na ponta, com Rabat tomando a vice-liderança pouco depois.

A corrida se estabilizou com o suíço em primeiro, seguido do francês e do espanhol. Enquanto isso, mais atrás, o tempo fervia, com o ítalo-brasileiro Franco Morbidelli, que partiu de 12º no grid, evoluindo para nono, depois de duelar com Jonas Folger, que acabou indo ao chão. Franco foi em frente, subiu para sétimo e abriu combate com Alex Rins e Luis Salom, que também caíram. Ocá, Morbidelli é agressivo ao limite, mas a direção de prova analisou todos os tombos e ultrapassagens, sem que disso tenha resultado numa punição para o ítalo-brasileiro, que conquistou mais um quinto lugar, o quarto dele em cinco corridas, e segue em quinto no campeonato, com a mesma quantidade de pontos do inglês Lowes, que está à frente por ter uma vitória. Folger, que não pontuou, está em terceiro, com 57 pontos, e Luthi subiu para segundo com 68. Zarco segue líder, 31 pontos à frente da concorrência. 

Moto3

O esquadrão das 250 abriu os trabalhos no domingo gaulês com a melhor corrida do dia, especialmente para os italianos. Luzes vermelhas apagadas e o herói local Fabio Quartararo decola impávido da pole para a ponta, mas na chicane quem passa a comandar é o italiano Niccolló Antonelli, seguido de Francesco “Pecco” Bagnaia, Quartararo, Romano Fenati, Jorge Navarro e o português Miguel Oliveira. Quatro pilotos ficam no chão ali mesmo; Remy Gardner, Brad Binder e o argentino Gabriel Rodrigo, nenhum ferido com gravidade. Fechando a volta 1, Antonelli lidera, seguido de Bagnaia, Quartararo, Fenati, Jakob Kornfeil, Oliveira, Navarro, Andrea Migno, Isaac Viñales, Andrea Locatelli, Enea Bastianini e Jules Danilo.

Pecco Bagnaia toma a ponta na volta seguinte tentando uma vitória inédita para a Mahindra, mas logo é repassado por Antonelli e também por Fenati. Enquanto isso, Danny Kent, que por um erro de estratégia havia largado em 31º, veio escalando o pelotão e entrou nos top-10. Alegria de uns, tristeza de outros, fim da linha para Navarro, mas Quartararo sobe para terceiro, atrás dos italianos Fenati e... Bastianini, que subiu para segundo, mas tem problemas para conter o avanço do francês, que tenta passar e... cai! Silêncio profundo no autódromo, quase 100 mil pessoas lamentando a queda do francês.

Livre de pressão, Bastianini bota pra dentro e toma a ponta a duas voltas do final, tentando a primeira vitória na carreira. Fenati e Pecco estão colados e a Mahindra toma a ponta no início da volta final, buscando uma dupla vitória inédita, de piloto e de moto. Contudo, Fenati finalmente fez prevalecer sua maior experiência, repassou e venceu pela sexta vez na carreira, seguido de Bastianini, Pecco e... Dany Kent, incrível quarto colocado, a pouco mais de 0,5 segundo da vitória.

Melhor ainda, o inglês atingiu 104 pontos no campeonato, contra 67 de Bastianini, 60 de Efren Vazquez, que caiu e não pontuou, 52 da estrela cadente Quartararo e 51 do temperamental Fenati, que não vencia desde San Marino, em setembro do ano passado. Foi a primeira vitória da KTM na temporada 2015.

Aquele abraço!

Salão Duas Rodas inicia a venda de ingressos para edição 2015

Melhor Compra: Triumph Trophy é o modelo com melhor avaliação

BMW reúne 2 mil pessoas para celebrar vida em duas rodas

Lorenzo comanda dobradinha da Yamaha em Le Mans

Nas bancas: o resultado da pesquisa Melhor Compra 2015

APLICATIVO



INSTAGRAM