Kawasaki H1 500 e H2 750: aceleração brutal deu fama à marca

Para conquistar o mercado internacional, a Kawasaki criou modelos com motores de 3 cilindros e potência inédita

14/07/2020 16:07

A Kawasaki se transformou em uma marca de fama mundial quando começou a criar modelos que elevaram os parâmetros de performance vigentes. Uma história que tem início no final dos anos 1960 com o primeiro motor de 3 cilindros e 2 tempos da marca. 

Para se estabelecer nos mercados ocidentais, em especial nos Estados Unidos, a Kawasaki tinha que superar concorrentes de até 2 cilindros e 650cc como Triumph Bonneville, BSA Super Rocket e a pequena, mas eficiente, Honda CB 450 também inspirada pela escola de engenharia britânica. A local Harley-Davidson Sportster era uma exceção, com o V2 de 900cc cuja performance não sobressaía.     

Na época, a escalada de número de cilindros e capacidade cúbica não havia se iniciado com a Honda CB 750, a ser lançada em 1969. A Kawasaki já tinha a série W inspirada nas britânicas de 2 cilindros paralelos, mas sabia que a solução não estava ali. 

Decidiram que a leveza dos motores de 2 tempos seria o melhor caminho para atingir uma relação peso/potência que impressionasse os americanos e permitisse ficar abaixo dos 13 segundos na tradicional prova de aceleração em quarto de milha (400 metros).

Outro fator que reforçava a escolha pelos motores que usam gasolina misturada a óleo, e que eliminam o comando com suas válvulas, era o objetivo de lançar o novo modelo com preço competitivo, entregando mais por menos do que a concorrência já estabelecida.        

Assim nasceu a Kawasaki H1 500 Mach III, no final de 1968. Era rápida e acessível, ainda com freios a tambor e algo instável em altas velocidades. Autêntica “cadeira elétrica”. 

Os 3 cilindros em linha receberam um cuidado especial da Kawasaki com a refrigeração, ao serem afastandos mais que o usual além de adotados componentes separados. Eram independentes, portanto o ar circulava ao redor dos três. Outra singularidade estava nas saídas de escapamento assimétricas, uma à esquerda e duas à direita. 

Tinha câmbio de 5 marchas e seus 60 cv a 7.500 rpm eram impressionantes para a época, permitindo completar o quarto de milha a partir da imobilidade pouco acima de 12 segundos e superar os 180 km/h. Era mais rápida que a maioria dos muscle cars americanos, por uma fração do preço: US$ 999.    

A H1 500 foi a moto mais potente do mundo até o lançamento da Honda CB 750 mostrar que, para competir, as concorrentes de 4 tempos teriam que recorrer a mais cilindros e capacidade cúbica – custava US$ 1.495 e rendia até 67 cv a 8.000 rpm. 

Duas linhas de ação foram tomadas pela Kawasaki para responder ao lançamento da Honda. Seria providenciada uma ampliação de 50% no motor da H1 e desenvolvido um novo modelo de 4 tempos com 4 cilindros, que seria a Z1 900 DOHC, ambos a serem lançados em 1972.    

A Kawasaki H2 750 Mach IV tinha cilindrada aumentada de 498cc para 748cc e recebeu freio dianteiro a disco de 295 mm com pinça de 2 pistões opostos. Produzia ainda mais impressionantes 74 cv a 6.800 rpm e torque máximo que passava de 5,85 kgf.m a 7.000 rpm para 7,9 kgf.m a 6.500 rpm.

As concorrentes japonesas também entraram na corrida, a Suzuki havia desenvolvido a GT 750 também com 3 cilindros de 2 tempos, adicionando refrigeração líquida, porém não superava os 70 cv; e a Yamaha tinha a TX 750 com 2 cilindros de 4 tempos que rendiam apenas 63 cv. 

Na prática, a H2 original (que cedeu o nome à atual Ninja H2) completava os 400 metros em exatos 12 segundos, uma vantagem de quase meio segundo sobre a H1. Só não era ainda mais rápida na aceleração porque a H2 ficou 18 kg mais pesada, mas superava os 200 km/h.  

A estabilidade continuava deficiente na H2, mesmo após a instalação de um amortecedor de direção. Seguiu em produção até 1975, quando as normas de emissões já limitavam o horizonte dos motores de 2 tempos e a Kawasaki decidiu reservá-los à nova família KH de 3 cilindros com 250cc e 400cc. 

Os modelos de alta cilindrada da marca teriam apenas grandes motores de 4 tempos, encerrando a história de uma moto que ficou famosa não por seus problemas de estabilidade, mas pelo grande poder de aceleração. 

 

©Copyright Duas Rodas. Reprodução proibida de textos e imagens, total ou parcial.   

APLICATIVO



INSTAGRAM