Velocidade máxima da nova Hayabusa é menor do que em 1999

A Suzuki estabeleceu um novo recorde de velocidade quando foi lançada há 22 anos; confira modelos que se destacaram nas últimas décadas

24/03/2021 11:14

O mundo das motos mudou e evoluiu muito desde 1999, quando a GSX 1300R estreou de forma surpreendente. De lá para cá, perderam espaço modelos com aplicações tão específicas quanto a longa e aerodinâmica Hayabusa, criada para acelerar além de 300 km/h em amplas retas ao replicar o formato streamliner. A única remanescente dessa linhagem é a rival Kawasaki Ninja ZX-14R. 

Desde 2008 não havia atualização na Suzuki de 1.340cc, o que parecia ser o fim da linha para o modelo que surgiu renovada numa terceira geração. Apesar do novo cenário de potências superiores a 200 cv, motores sobrealimentados e ciclística mais leve. 

A Hayabusa 2021 parte do mesmo chassi da segunda geração, que recebeu componentes de suspensão e freio atuais, gerenciamento eletrônico com IMU e manteve o motor de 4 cilindros  em linha aspirado. Novidade no quesito performance é que todas as peças móveis na parte interna mudaram em busca de melhores respostas em médias rotações e da necessária adequação à norma de emissões Euro 5. 

Respondendo à grande pergunta, o modelo 2021 é capaz de atingir 190 cv a 9.700 rpm e 15,8 kgf.m a 7.200 rpm (antes 197 cv a 9.500 rpm e 15,3 kgf;m a 7.000 rpm), cumprir o 0-100 km/h em 3s2 (contra 3s4 da anterior) e a velocidade final continua de 299 km/h limitados eletronicamente. Portanto não houve avanço na velocidade máxima que a consagrou em 1999 e, aliás, era maior naquela época, de 317 km/h. 

A seguir recuperamos a cronologia de como a velocidade máxima evoluiu ao longo dos anos nos modelos de série e provocou uma competição entre fabricantes, que culminou com a própria Hayabusa despertando um debate na indústria no início dos anos 2000: essa corrida por recordes de velocidade deveria ter um limite? 

As motos seguiram uma direção mais “utilizável” nos últimos anos, em que reduções de consumo e emissões se tornaram protagonistas, preocupação das fabricantes em oferecer boas respostas em médias rotações foi uma bem-vinda conveniência, mais segurança com o advento de assistentes eletrônicos uma necessária precaução coma segurança e mais agilidade nas mudanças de direção representa um convite à facilidade de uso. 

Já a trégua na disputa por mais potência e velocidade parece ter acabado... a Kawasaki Ninja H2R é a moto mais potente da atualidade, capaz de atingir 337 km/h. O modelo de 326 cv foi levado ao limite pelo piloto Leandro Mello no Brasil, sem alterações nas condições originais: “seria capaz de mais com o alongamento da relação de transmissão, porque chegamos ao limite de rotações em 6ª marcha”, conta.  

A H2R é o capítulo mais recente dos recordes de velocidade com motos que podem ser compradas em concessionárias. Uma saga que já teve outras Ninja consagradas, motores de 6 cilindros e começou ainda na década de 1940. 

Vincent HRD 1000 1948: 201 km/h

A Vincent está no seleto hall daquelas marcas de vida curta, apenas 27 anos em fabricação entre 1928 e 1955. Mas o caráter inovador bastou para gravar seu nome na história da motocicleta. Especificamente a 1000, que foi a motocicleta mais rápida de sua época ao unir em V dois cilindros de 500cc que a fabricante usava em provas como o TT da Ilha de Man. 

Em 1948 a Vincent HRD 1000 passou a ter a versão esportiva Black Shadow que a consagrou. Recebia ajustes no motor pintado de preto para entregar 10 cv a mais (55 cv) e ultrapassar a então inimaginável barreira de 200 km/h. O grande velocímetro central marcava até 150 milhas por hora (240 km/h)! 

Kawasaki Z1 900 1972: 210 km/h

Nos anos 1970 as fabricantes se fixaram mais no tamanho do motor do que na velocidade máxima. Demorou mais de duas décadas para que o apelo comercial dos 4 cilindros despertasse a competitividade que fez a Kawasaki criar a Z1 900 para superar a revolucionária Honda CB 750. 

A CB não quebrou o recorde da Black Shadow, mas ao apostar na maior cilindrada da época e no primeiro comando de válvulas duplo (DOHC) a Z1 superou a velocidade das 750 que até então reinavam no topo do mercado mundial. Produzia 82 cv e alcançava 210 km/h.

Honda CBX 1050 1978: 220 km/h

Ainda seguindo a linha “tamanho é documento”, vieram as impressionantes 6 cilindros Honda CBX 1050 e Kawasaki Z1300 atingindo 220 km/h em 1978. Uma breve extravagância sucedida por décadas de desenvolvimento de esportivas com motores 4 cilindros cada vez mais leves e potentes. 

Dez anos depois da CB 750, com uma nova concorrência estabelecida, a Honda deu outro passo para superar numa tacada os modelos de 4 cilindros de Suzuki, Kawasaki e Yamaha. A CBX foi a superesportiva da época, empregando a solução do chassi diamante (integra o motor à estrutura e elimina as barras inferiores) e cilindros inclinados à frente para melhor distribuição de massa do enorme propulsor. 

O comando duplo no cabeçote já tinha 4 válvulas por cilindro, somando números superlativos à ficha técnica da 1050: 24 válvulas para 6 cilindros alimentados por seis carburadores Keihin de 28 mm. Atingia 105 cv e 220 km/h pesando 275 kg em ordem de marcha.  

Kawasaki GPZ 900R Ninja 1984: 243 km/h

Não foi à toa que a primeira Ninja foi escolhida como moto do piloto de caças Maverick para o filme “Top Gun – Ases Indomáveis” (1986). A carenagem, ainda novidade nas ruas, ajudava a Ninja GPZ 900R a romper a barreira dos 240 km/h. 

Primeira moto da marca a receber o nome Ninja, foi uma evolução das antecessoras GPZ 750, 1000 e 1100. O avanço de performance veio da adoção do motor de 4 cilindros com 16 válvulas e refrigeração líquida. Até então, os motores permaneciam com refrigeração a ar e 2 válvulas por cilindro, como no início dos anos 1970. A GPZ 900R era alimentada por carburadores de 34 mm, desenvolvia 115 cv e atingia de 243 km/h. 

Kawasaki Ninja ZX-11 1989: 285 km/h

A Kawasaki surpreendeu o mundo novamente no fim da década com a ZX-11 (em alguns mercados ZZ-R 1100). Era uma evolução da ZX-10 lançada um ano antes, que já beirava os 270 km/h, passando a alcançar 285 km/h. Na ZX-11 o motor passou de 997cc para 1.052cc e a potência subiu 10 cv para atingir 147 cv. Assim, superava com mais folga a esportiva Yamaha FZR 1000 lançada ao mesmo tempo que a ZX-10. 

O compromisso não estava no desempenho em curvas, era uma moto maior e mais estável para altas velocidades nas retas. Na parte frontal da carenagem o orifício direcionava ar aos carburadores, enquanto um sensor liberava mais gasolina para equilibrar a mistura em velocidades elevadas. Embora a potência com a indução de ar ativa não fosse declarada, estima-se que acima de 200 km/h ultrapassasse os 150 cv.

Honda CBR 1100XX Blackbird 1996: 294 km/h

A Honda entendeu que oferecer mais potência não seria suficiente para construir uma moto mais veloz. Ao lançar a 1100XX para superar a Kawasaki, combinou o motor de 4 cilindros de até 164 cv a uma aerodinâmica inovadora. O modelo foi totalmente projetado em túnel de vento para aprimorar a penetração do ar e estabilidade em altas velocidades. Também era mais fácil de direcionar e tinha melhor desempenho que a ZX-11 nas curvas.

Suzuki GSX 1300R Hayabusa 1999: 317 km/h

A missão da Suzuki foi claramente superar a Blackbird. Prova disso foi batizar a GSX 1300R de Hayabusa, nome de um falcão japonês predador natural do pássaro blackbird. A moto foi projetada com todas as tecnologias disponíveis naquele momento: motor de 4 cilindros em linha alimentado por injeção eletrônica e sistema de indução de ar de grande capacidade. Com 1.298cc, a Hayabusa desenvolvia até 180 cv.

Também projetada em túnel de vento, apresentava linhas mais fluidas e envolventes que as da Blackbird. Adotava uma estrutura mais longa e carenagem mais larga que as esportivas para circuitos, focando a estabilidade nas retas. No ano seguinte entrou para o Guinness Book como moto mais rápida já produzida em série ao romper a barreira dos 300 km/h e alcançar 317 km/h. A resposta da Kawasaki foi a Ninja ZX-14, com 210 cv e desempenho equivalente.

Kawasaki Ninja H2R 2015: 337 km/h

Dezesseis anos se passaram até que o paradigma de velocidade mudasse novamente. A indústria deixou de focar potência e velocidade máxima para elevar o nível de segurança e eficiência das motos. Entraram em cena controles eletrônicos, redução de peso, evolução de suspensões, freios e pneus. As esportivas se tornaram mais fáceis de controlar e atingiram novos limites nas curvas.  

Até que a Kawasaki deu uma trégua nos tempos politicamente corretos e mostrou no fim de 2014 as Ninja H2 e H2R. Aplicou um sistema de sobrealimentação supercharger ao motor de 4 cilindros e 998cc para atingir 326 cv na H2R. Nesta versão para uso em circuitos fechados, não há restrições no escapamento nem supérfluos como retrovisores e sistema de iluminação. A carenagem de fibra de carbono recebe asas para elevar a estabilidade em altas velocidades. Já a H2 é a versão homologada para uso em vias públicas, limitada a 210 cv.

Outro destaque atual é a Ducati Panigale V4 na versão R, para homologação no Campeonato Mundial de Superbike. Um modelo de rua aspirado que atinge 221 cv. 

 

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