Viagem: as ilhas flutuantes dos Uros, no Peru

Aventureiro passeia em um tesouro de mais de 2.000 anos de história em meio à caótica cidade de Puno

13/03/2015 17:37

Texto e fotos: Guga Dias*



Na última matéria publicada em Duas Rodas, contei minhas descobertas feitas pela histórica Machu Picchu, no Peru, e quero agora falar de outro local interessantíssimo nesse mesmo país sul-americano. No meio do lago Titicaca, na caótica cidade de Puno, há um tesouro escondido de tradição milenar: as ilhas flutuantes dos Uros.

O melhor a fazer é deixar a moto no hotel e contratar um tour em uma agência. Isso pode ser feito no próprio local onde você se hospedar, ou se preferir, vá até as margens do lago Titicaca. Certamente você encontrará uma empresa de turismo apta a lhe atender. Optei por contratar o passeio diretamente no balcão do hotel e, na manhã seguinte, uma van nos pegou por volta das 7h e seguimos direto para o porto de Puno, onde pegamos um barco que nos levou 6 km adentro até as ilhas flutuantes dos Uros.

Um guia nos explicou em detalhes a cultura desse povo e, já na ilha, o chefe da comunidade fez demonstrações sobre a construção e o convívio entre as famílias. Dez grupos podem morar em uma mesma plataforma. Essas ilhas são construídas com a Totora, uma espécie de junco que dá no lago Titicaca em abundância e que também é usada na culinária. Suas raízes são muito densas e aguentam muito peso. Sobre essa plataforma revestida de talos, são construídas as casas com o mesmo material. Na cozinha, grandes pedaços de pedra servem de piso para que não haja incêndio na ilha. Aliás, nunca houve fogo devastador em toda história dos Uros.

A ideia de se viver em ilhas vem de muitos anos, quando os primeiros Uros que moravam às margens do Titicaca eram atacados por tribos rivais. Mestres na construção de barcos, eles embarcavam a população e fugiam para o meio do lago ao menor sinal de um ataque. Depois de dezenas de casos, resolveram amarrar os barcos uns nos outros e passaram a morar no meio do lago. Desde então já se passaram mais de 2.000 anos.  

Após a apresentação de como se dá o processo de construção das ilhas (hoje cerca de 40), fomos conhecer a casa de uma família. De lá partimos em direção a uma feira de artesanato. Dava vontade de comprar tudo. Este é, sem dúvida, um passeio imperdível em Puno. De volta ao barco, seguimos por mais 3h até a ilha Taquile almoçar no topo da ilha, o que incluía uma caminhada de 200 m morro acima. Se fosse no nível do mar, seria um momento prazeroso, mas a cerca de 4.000 m de altitude, cada passo era um parto. A descida também não foi fácil, escadarias intermináveis de pedra e degraus irregulares fizeram dessa simples tarefa algo bem cansativo.

Os habitantes locais são famosos por sua hospitalidade, e ainda preservam intactas as tradições, os costumes e as leis da época Inca. Os coletes, camisas e outros produtos têxteis feitos à mão são um complemento à paisagem exuberante que se tem do lago Titicaca e a Cordilheira Branca do lado boliviano. 

Quando chegamos ao Porto de Puno, o Sol já estava se pondo e encerrava o dia delicioso repleto de descobertas e imagens incríveis.

Sobre o autor:

Guga Dias é jornalista e editor do site de moto turismo Diário de Motocicleta. Já percorreu de moto 120 cidades em 23 estados brasileiros, seis países da América do Sul e quatro países na Europa.

Nas bancas: nova Yamaha MT-07 enfrenta Kawasaki ER-6

Vídeo: testamos na pista a nova Yamaha MT-07

Viagem: descobertas pelo território histórico de Machu Picchu

Teste: Harley-Davidson Low Rider

Confirmada para o Brasil, Kawasaki Ninja H2 disputará a Pikes Peak

APLICATIVO



INSTAGRAM